Dona Maria, aboletada na cadeira de balanço, já na nova morada, procurava, pelas muitas vias da memória, reter o que ocorrera naquele sábado ruim.

      Lógico que, de alguma forma, já previra aquilo tudo. Mas sabe como é: a gente intui, mas não dá muita bola; ou se força a não pensar. Quando a coisa vem,  a gente se penitencia – se tivesse seguido meu coração, etc.

      Quando ele chegou na vila, retornando sabe-se lá de que mundo, seu coração gelou. Já não era aquele menino triste. Era esse homem sombrio, alma de limo. Sabia ela, dona Maria da Hora, que se ele botasse os olhos na menina, céu e terra não seriam mais os mesmos.

      Mas era inevitável o encontro. Quando dona Maria o viu estatelado na porta, mirada posta em Maria, vislumbrou num átimo cada lance, cada fala, cada ponto do enredo ainda enovelado.

      Quando ele voltou, a inquietude tornou a se instalar naquela casa. Os acontecimentos seguintes só vieram confirmar as suspeitas.