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    Comunicação

    Tristeza

    (1883)   Ai! quanta vez – pendida a fronte fria – Coberta cedo do cismar p'los rastros – Deixo minh'alma, na asa da poesia, Erguer-se ardente em divinal magia À luminosa solidão dos astros!… Infeliz mártir de fatais amores Se ergue – sublime – em colossal anseio, Do alto infinito aos siderais fulgores E vai […]

    (1883)
     
    Ai! quanta vez – pendida a fronte fria
    – Coberta cedo do cismar p'los rastros –
    Deixo minh'alma, na asa da poesia,
    Erguer-se ardente em divinal magia
    À luminosa solidão dos astros!…
    Infeliz mártir de fatais amores
    Se ergue – sublime – em colossal anseio,
    Do alto infinito aos siderais fulgores
    E vai chorar de terra atroz as dores
    Lá das estrelas no rosado seio!
     

    É nessa hora, companheiro, bela,
    Que ela a tremer – no seio da soedade
    – Fugindo à noite que a meu seio gela –
    Bebe uma estrofe ardente em cada estrela,
    Soluça em cada estrela uma saudade… 
     
    É nessa hora, a deslizar, cansado,
    Preso nas sombras de um presente escuro
    E sem sequer um riso em lábio amado _
    Que eu choro – triste – os risos do passado,
    Que eu adivinho os prantos do futuro!…

      

    CUNHA, Euclides da. Ondas e outros poemas esparsos. In: Obras Completas, Afrânio Peixoto (org.). 2ª ed. Nova Aguilar: Rio de Janeiro, 1995, 2 v. 

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