Eu sei: qu'eu vi
Chegará um dia no futuro
Diante de todo mundo…
Assembléia das Nações do planeta repleta
Talvez uma mulher valente Presidente
Dos Brasis unidos será porta-voz de todos nós
Desde a era de transição da vida inerme até a bio-Fera
Reino da animalidade mãe da humanidade
No obscuro tempo dos povos-avós.

Então se terá materializado de fato
A aldeia global falada, televisionada e tirada do mato
Sem cachorro rio acima e floresta adentro
Pra ser advento da Utopia selvagem
(o antropófago Darcy Ribeiro será louvado urbi et orbi)
Dos profetas caraíbas:
O país do Futuro, chamado Brasil do Oiapoque ao Chuí
Livre para sempre
Do império do trabalho insano, da fome, a doença
A velhice abandonada e o domínio da Morte
(codinomes “a Terra sem males”, “sermão da Montanha”
“Epístola de sanThiago às tribos perdidas”
“Manifesto comunista”, etc.)
Mestiçagem tupi-guarani do Sebastianismo lusotropical
José de Anchieta padre fundador da TV Cultura pública
O payaçu Antônio Vieira fagocitado inteiro
E assimilado em terra Tapuia
Abaixo do equador…

O mundo todo de queixo caído
Olhos desmesurados dirá face à TV digital
Um profundo
Oh!
Oh, Beleza
Oh, Clemência
Oh, ilha Maravilha
Oh, verdadeiro fim da história colonial
Etecetera e tal. 

A verdadeira Renascença será feita
Justa e perfeita
Arquitetura da madeira e do barro dos começos
Do vasto mundo de Drummond das minas gerais
E rios de janeiro, fevereiro e março
Desde as mais profunda raízes da Terra humana
Para a qual todas mais foram um longo ensaio.

Naquele tempo pós-industrial
Se revelará sem medo da santa madre Inquisição
E da lei de que não sei que Segurança Nacional
Contrária aos nacionais do país do Carnaval
A maior revolução de todos os tempos:
O segredo profundo da primeira Noite
Do mundo
O Matriarcado marajoara neotropical
Guardado a sete-chaves dentro de um caroço
Vulgar de tucumã
Deixado ao relento sob chuva e esquecimento
Nos campos de Cachoeira do rio Arari
Pátria antiga do espírito Jurupari
Resgatado pela magia de um índio sutil.

Muito antes da migração das Amazonas
Nesta zona úmida de Gaia
Famosa boceta de Pandora da pletora da fauna
e da flora
Raínha da Hiléia
A invenção do Brasil gigante
Ultra linha tordesilhana pra além das Anavilhanas
Alto Rio Negro até o Cassiquiare
Solidões do Solimões rumo ao Peru e o país de Quito
Florão da América do Sol
No forte do Presépio do Grão-Pará
Parido do bucho da cobra grande
Serpente que morde a própria cauda
A pele de Tuluperè nas montanhas de Tumuc-Humac
Biosfera em terra verde e mar azul
Antes do casamento da india Pará-Guassu
Com o cristão-novo Martim Soares Moreno
Verdes mares bravios de Alencar
O enlace da filha da Boiúna
Com o índio Tapuia.

O gaúcho Raul Bopp vindo ao extremo-norte
A galope: que não me deixa mentir…
Cobra Norato marinheiro a bordo do Ita
Segue para o Rio de Janeiro.

A Ilha filha do Rio Pará-Uaçu por testemunho do povo na ONU.