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    Antirracismo

    Mão negra

    no âmbar de meus segredos eu carrego uma mão negra por onde escorrem guerras e companheiros feito areia entre os dedos eu carrego uma mão negra raiz da américa latina antibiótica mão luz e boca da malária da pele de meu país nem texas nem taleban carrego esta mão negra estapeando o terror em pelica […]

    POR: Redação

    2 min de leitura

    no âmbar de meus segredos
    eu carrego uma mão negra
    por onde escorrem
    guerras e companheiros
    feito areia entre os dedos

    eu carrego uma mão negra
    raiz da américa latina
    antibiótica mão
    luz e boca da malária
    da pele de meu país

    nem texas nem taleban
    carrego esta mão negra
    estapeando o terror
    em pelica de puro inox
    fazendo do sexo duro
    doce fragilidade e flor

    marcada a ferro de gado
    carrego uma mão negra
    animal indócil, malemolente
    cheia de garras e caninos
    em definitivo estado de sítio
    namorando o desatino

    cheirando a frutas
    calejada de estilhaços
    levo comigo uma mão negra
    entre a ordem e a desordem
    provérbios e poemas de cordel

    minha mão negra te condensa
    condena a fome e a briga
    acena em favor da luta
    acaricia os cabelos da revolta

    viva pela própria auto-subtração
    como pesa esta louca mão
    mais louca que meu coração…
    cão rabugento que só sabe sentir!

    e ela me olha muito negra
    disposta sempre
    a matar ou a morrer

    minha mão negra
    com seus lisos músculos
    carrega o mundo no colo
    sem parar de perguntar
    a cada frase que digo
    mas e “what if”…

    serpente encalacrada
    coral adornada
    de panos mexicanos
    impostora e impotente
    me carrega esta mão negra

    com ela anoto:
    corroer é meu destino!
    com ela sigo:
    a roer meus mortos
    meus monstros
    nas unhas desta mão negra