A cúpula do Ibas também endossou a tese brasileira de que os esforços de não proliferação nuclear devem ser simultâneos aos avanços no desarmamento dos países com armas nucleares. “Não estamos isolados”, ironizou o assessor internacional da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, após o encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da China, Hu Jintao. Ambos discutiram a situação do Irã, ameaçado de sanções pelos Estados Unidos por indicações de que persegue a construção de uma bomba atômica. Os EUA chegaram a divulgar, no início da semana, que a China aceitaria as sanções aos iranianos, o que não foi confirmado pelos chineses, que preferem mais negociação.

Garcia não quis comentar o encontro dos dois mandatários, mas o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que há “afinidade de opiniões” entre Brasil, Índia e China no que diz respeito ao Irã. O Brasil defende que se inicie uma negociação para assegurar o uso pacífico da energia nuclear no Irã, mas também cobra dos iranianos maior transparência e colaboração com a fiscalização internacional. A declaração final da reunião do Ibas reitera o compromisso dos países com o uso pacífico da energia nuclear e pelo progressivo desarmamento.

O Brasil aproveitou a reunião do Ibas, a primeira do dia, para reforçar a ação da comunidade internacional na crise do Oriente Médio. Logo no início da manhã, os ministros de Relações Exteriores do Brasil, Índia e África do Sul tiveram uma reunião com o ministro de Relações Exteriores da Palestina, Riad Maliki.

O palestino relatou novas agressões do governo israelense contra habitantes da Cisjordânia, ameaçados de deportação caso não consigam permissão de moradia concedida por autoridade militar de Israel. A medida, disse Maliki, é reedição de medidas da década de 60 e prevê a expulsão de palestinos para dar lugar a assentados israelenses. O Ibas, em comunicado, cobrou de Israel o reconhecimento do Estado palestino e a interrupção dos assentamentos.

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Fonte: Valor Econômico