Há mais de dois meses os jovens cientistas brasileiros já se organizavam para o XXII Congresso Nacional de Pós-Graduandos. Plenárias nas universidades, reuniões e construções de APG's já diziam qual seria o tamanho e o grau de mobilização política da atividade.

Na última sexta-feira (16), quem passou pelo Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ pode perceber cerca de 600 pessoas (entre estudantes, professores e pesquisadores) que lá estavam, participando da programação do Congresso.

Presidentes de importantes instituições prestigiaram o evento, entre eles o presidente da FINEP, Luis Fernandes e o presidente da SBPC, Marco Antonio Raupp.Ildeu de Castro Moreira, do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Sandoval Carneiro Junior da CAPES e Ana Estela Haddad do Ministério da Saúde também foram presenças importantes.

Mesas-redonda

O XXII Congresso da ANPG teve início na sexta-feira, 16 de abril, com rico debate sobre o papel da residência médica e do mestrado profissional no desenvolvimento do Brasil. A mesa contou com a participação da Diretora de Gestão em Educação na saúde, do Ministério da Saúde, a professora Ana Stela Haddad e do Diretor de Saúde da ANPG, o mestrando em Saúde Coletiva da Unicamp, Luis Carlos Jr. Em pauta, alguns problemas enfrentados pelos residentes e algumas propostas para o desenvolvimento nacional, como a ampliação da residência em saúde da família.

A mesa de abertura contou também com a participação de Augusto Chagas, presidente da União nacional dos Estudantes (UNE) e Yann Evanovick, presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES),que saudaram os presentes e reafirmaram a parceria entre as entidades, e a defesa de bandeiras comuns, como a reivindicação do investimento de 50% do Pré-Sal para a Educação.

Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional – Desafios na Construção de uma Política de Estado foi tema da mesa de sábado à tarde. Segundo Marcelo André, da APG-Química da Unicamp, não foi só a mobilização que avançou neste congresso: “no congresso passado, em Campinas, debatemos muito os direitos sociais dos pós-graduandos. Agora, no Rio de Janeiro,além de crescermos numericamente, demos um passo a frente e falamos em avançar na pós-graduação para transformar o Brasil. A absorção de jovens mestres e doutores pelo mercado é uma preocupação do movimento e esse encontro nos proporcionou aprofundar ainda mais nossas bandeiras”, comemorou o estudante.

Ato do Iuperj

A ANPG, em conjunto com o Fórum de Estudantes do Iuperj, promoveu um ato de apoio à instituição. Houve a leitura de uma carta dos estudantes e aprovação de uma moção na Plenária Final. É notória e preocupante a crise pela qual o Iuperj passa e o apoio da ANPG vem no sentido de resguardar esse importante centro de pesquisas do país.

Mostra Científica

De acordo com o Coordenador da II Mostra Científica, Marney Cruz, 258 trabalhos foram submetidos para análise, dos quais 120 foram aprovados e 108 apresentados na tarde de sexta-feira e manhã de sábado.

“As nossas expectativas foram superadas e muito nos orgulha contribuir e incentivar com a produção de qualidade na pesquisa do nosso país. A troca de conhecimentos é o principal objetivo da Mostra, por isso mantivemos o caráter interdisciplinar das apresentações. Espero que mais pós-graduandos se sintam incentivados a apresentarem seus trabalhos na próxima edição da Mostra”, declarou Marney.

Grupos de Discussão

Na tarde de sábado, 5 grupos simultâneos foram realizados: Estatuto da ANPG; Movimento Nacional de Pós-Graduandos – Avanços e Perspectivas; Direitos dos Pós-Graduandos – Contribuições para a Construção do nosso PL; A Reforma da Lei de Direitos Autorais (LDA) e os Impactos na Educação ; O papel do pós-graduando da saúde no desenvolvimento da ciência e tecnologia no Brasil. Nesses espaços os pós-graduandos puderam debater suas ideias e propostas acerca dos temas. As propostas consensuais e divergentes foram apresentadas e votadas na Plenária Final.

Para Fernanda Bustamante, presidente da APG da UFLA, “esses espaços de discussão são de fundamental importância para que os pós-graduandos se inteirem sobre os temas e estreitem os laços com a rede do movimento estudantil. Não só com a ANPG, mas também com outras APG's. A mobilização na UFLA foi intensa, 20 delegados e 2 observadores, e não foi em vão”.

O GD de Saúde contou com a participação do professor Emerson Merhy, da Unicamp. Já o grupo que discutiu a Reforma da Lei dos Direitos Autorais teve a participação do professor Bruno Lewicki, da UERJ, do diretor de cultura da UNE e coordenador geral do CUCA Fellipe Redó. Deste último, além das contribuições dos estudantes presentes, houve também a produção de uma moção de apoio à reforma da Lei 9610/98 (LDA), aprovada na Plenária Final.

Plenária Final

Reunindo quase 500 pessoas em um auditório, a plenária final seguiu com as propostas projetadas em um telão. À medida que iam sendo lidas pela mesa, podiam ser acompanhadas pelo presentes, que apresentavam destaques e faziam suas defesas frente ao plenário, que votava nas propostas.

Duas mudanças em relação ao estatuto da ANPG foram aprovadas: ampliação da diretoria de 20 para 31 membros e duração do mandato de 18 a 24 meses – antes era de 12 a 18 meses. Após a aprovação das moções, leitura e votação das propostas, houve a eleição da diretoria da ANPG.

Eleita para um mandato de até 2 anos, a chapa única foi encabeçada pela mestranda em Educação, Elisangela Lizardo, da PUC-SP. Reafirmando o compromisso da entidade na defesa de um Brasil soberano, no reconhecimento da Ciência e Tecnologia como setores estratégicos para o país e na defesa dos direitos dos pós-graduandos, Elisangela recebeu a aclamação do Plenário, lotado, ao lado de Hugo Valadares, agora ex-presidente da ANPG.

A Plenária Final também aprovou o envio de uma carta ao Ministro Fernando Haddad, na qual a ANPG cobra respostas acerca da última reunião realizada no dia 07 de abril.

Fábio Fernandes, da pós-graduação em Engenharia Mecânica e Ensino de Ciências pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), demonstrou seu entusiasmo durante a plenária: “está realmente emocionante. É o primeiro Congresso da ANPG que participo e estou surpreso com o grau de participação e comprometimento das pessoas. Apesar do credenciamento demorado, a Plenária está compensando a nossa vinda de tão longe.”

O XXII Congresso demonstrou a capilaridade e o grau de mobilização e politização dos pós-graduandos brasileiros, conduzidos pela gestão de Hugo Valadares à frente da entidade. Novos desafios se apresentam e a nova gestão parece ter tudo para avançar ainda mais na consolidação desse movimento.

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Fonte: portal da ANPG