Dilma disse que cabe ao governo buscar uma arquitetura de financiamento de longo prazo. “As condições atuais convergem para que o país seja extremamente atraente. Por que não para o sistema financeiro?”, questionou.

Segundo ela, o Orçamento Geral da União não é suficiente para viabilizar todos os financiamentos de longo prazo necessários ao desenvolvimento do Brasil. Dilma afirmou que com o Orçamento é possível fazer investimentos em casa própria, em saneamento, mas não nas grandes obras. “Os asiáticos resolveram o problema dando os recebíveis como garantia. Aqui, vamos ter que estruturar nossa forma de fazer, com os bancos ou os fundos de pensão, por exemplo.”

O financiamento do trem-bala é considerado um dos pontos mais críticos, porque, como o custo é muito alto, ainda será necessário descobrir como fazer o investidor estrangeiro se interessar por ele. “O governo fez o leilão de hidrelétrica e você imagina que acabou? Não, agora tem que discutir o financiamento.”

Para a ex-ministra, o financiamento das obras é fundamental para para que o PAC saia do papel. Segundo Dilma, o Estado já está fazendo a sua parte para aumentar a poupança pública. Ela defende um Estado que tenha gestão e que gaste menos. “Eu cheguei no Ministério de Minas e Energia e havia um engenheiro para 20 motoristas. Não é possível um Estado que pague salários 40 vezes maior que a iniciativa privada”, afirmou, ao defender um Estado eficiente e que use recursos destinados para aquilo que é necessário.

A ex-ministra também disse que é preciso fazer uma reforma tributária para tornar o país mais competitivo e aumentar a produtividade da indústria. “Também é necessário uma simplificação tributária, atacar o tal imposto em cascata”, explica. Mas pondera que isso não pode ser feito de cima para baixo, é necessário negociar com cada ente da federação para não gerar conflitos tributários entre os Estados, o que inviabiliza a aprovação política de qualquer reforma.

Dilma também falou da necessidade de se reduzir as taxas de juros a níveis compatíveis com os países desenvolvidos. No entanto, disse que, para isso, é necessário reduzir a relação dívida líquida/PIB e o déficit nominal do país. “Estávamos fazendo isto, mas a crise interrompeu esta trajetória”, lembra a candidata. Mesmo assim, a ex-ministra lembra que hoje a relação já e de 3,5%. “Nem a Alemanha, muito menos os Estados Unidos ou qualquer país da Europa tem este índice atualmente”, afirma.

Para resolver um outro gargalo do país, o do transporte aéreo, a ex-ministra propõe a privatização da Infraero e a ampliação dos aeroportos através da construção de módulos. Segundo ela, é possível fazer isso “em meses”.

_____________________________________________________________

Fonte: jornal Valor Econômico