O projeto vem sendo desenvolvido há mais de um ano pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). Os radiofármacos são moléculas ligadas a elementos radioativos, usadas na medicina nuclear.A ideia é iniciar a construção do reator em 2011, para a entrada em funcionamento no prazo de seis anos, disse hoje o presidente da Cnen, Odair Gonçalves. Segundo ele, a crise mundial deflagrada com a parada dos reatores canadense e holandês, no ano passado, retirou do mercado 60% da produção de radiofármacos, o que causou prejuízos na área da saúde.

“Foi uma crise que afetou bastante o Brasil, porque o Canadá respondia por 40% do mercado mundial e a Holanda por 30%. Os dois países saíram do mercado e mantiveram cerca de 10%. Ou seja, nós tivemos retirados do mercado 60% da produção”.

O Brasil sofreu menos que outros países devido à parceria com a Argentina, que passou a fornecer um terço da necessidade brasileira. Atualmente, o Brasil tem mais um terço sendo fornecido pela África do Sul, disse Gonçalves.Para o presidente da Cnen, apesar do país ter todo o mercado atendido, essa não é uma situação estável. “A situação, realmente, só vai se tornar estável quando a gente conseguir construir o nosso reator”.

O reator multipropósito brasileiro vai funcionar no novo instituto da Cnen, que será construído no município de Iperó (SP), em área vizinha ao Centro Experimental Aramar, responsável pelo desenvolvimento de pesquisas nucleares da Marinha.Os dois objetivos principais do RMB são a produção de radiofármacos e testes de materiais. “Fora isso, ele vai produzir outros radioisótopos que poderão ser usados na agricultura. E vai também ter um feixe de nêutrons para pesquisas básicas”, disse.

O Brasil tem quatro reatores de pesquisa. Gonçalves destacou, entretanto, que “nenhum deles é adequado para a produção de molibdênio, o radiofármaco usado pelo setor médico, porque os feixes de neutrons são muito baixos.

São fracos os feixes”.O projeto tem custo final estimado de R$ 850 milhões, ou o equivalente a US$ 500 milhões. Este ano, o Ministério da Ciência e Tecnologia liberou para o projeto verba de R$ 5 milhões dentro do orçamento próprio e do fundos de suporte à pesquisa. Além disso, o ministério destinou uma dotação específica de R$ 50 milhões para o projeto básico.

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As informações são da Agência Brasil