O Manifesto do 2º Congresso Mundial dos Partidários da Paz
Depois de ser alvo das piores provocações e medidas de restrições por parte do governo inglês, o 2º Congresso Mundial dos Partidários da Paz se transferiu de Shefield para a cidade de Varsóvia, onde se realizou com pleno êxito. Foi encerrado o histórico conclave com a aprovação solene do Manifesto dos Partidários da Paz de 75 países, cujo texto é o seguinte:
A guerra ameaça a humanidade, as crianças, as mulheres e os homens. A Organização das Nações Unidas não justifica a esperança dos povos de conservar a paz e a tranqüilidade. A vida dos homens e as aquisições da cultura humana estão em perigo.
Os povos querem conservar a esperança de que a ONU voltará resolutamente aos princípios que inspiram a sua formação, depois da segunda guerra mundial, e que consistiam em assegurar a liberdade, a paz a estima mútua entre os povos.
Cada vez mais, os ovos do mundo confiam em si mesmos, em sua firmeza, em sua boa vontade. Todo homem consciente sabe que aquele que diz: “a guerra é inevitável” está caluniando a humanidade.
Lendo esta mensagem, lançada em nome dos povos de 75 países, representados no 2º Congresso da Paz de Varsóvia, não esqueçais nunca que o combate pela paz é o vosso próprio combate. Sabei que centenas de milhões de partidários da paz unindo-se vos estendem a mão. Eles vos convidam a participar do mais belo dos combates travados pela humanidade que acredita em seu futuro.
A paz não se espera, a paz se conquista.
Juntemos nossas vontades para exigir a cessação da guerra que hoje devasta a Coréia e que pode atear fogo ao mundo.
Ergamo-nos contra a tentativa de acender focos de guerra na Alemanha e Japão.
Com quinhentos milhões de seres conscientes que assinaram o Apelo de Estocolmo, exigimos a interdição das armas atômicas, o desarmamento geral e o controle dessas medidas.
Controle rigoroso do desarmamento geral, a destruição das armas atômicas são tecnicamente possíveis. Trata-se de querê-los.
Imponhamos uma legislação que reprima a propaganda de guerra.
Apresentemos aos Parlamentos, aos governos e a Assembléia das Nações Unidas as propostas em favor da paz elaboradas pelo 2º Congresso Mundial.
O poderio das forças pacíficas no mundo é bastante grande, a voz dos homens bastante vigorosa para que possamos conseguir o encontro dos representantes das cinco grandes potências.
O 2º Congresso Mundial da Paz demonstrou com uma força sem precedentes, que os homens vindos das cinco partes do mundo, apesar das grandes divergências de opinião, podem se entender para conjurar o flagelo da guerra e conservar a paz.
Que os governos sigam esse exemplo, e a paz será salva!
***
São os seguintes Prêmios Internacionais da Paz concedidos pelo Congresso de Varsóvia:
Prêmio de honra, a título excepcional – Concedido ao escritor mártir tchecoslovaco Júlio Fuchic, pelo seu livro “Testamento sob a Forca”.
Literatura – Pablo Neruda pelo seu poema “Que desperte o lenhador”; e Nazim Hikmet, pelo conjunto da sua obra.
Medalha de ouro: Jean Richard Bloch, a título póstumo, pelo seu livro “Da França traída à França em armas”; revista libanesa “Attarik”; escritor romeno Mahal Sadoveanu, pelo seu “Mitrea Cocor”
Artes – Pablo Picasso, pela sua primeira pomba da paz; Paul Robson, pelos seus cantos pela paz.
Medalhas de ouro: Renato Guttuso, pelo seu álbum, “Gott Mit uns”; Cândido Portinari, pelo seu mural “Tiradentes”; Waclaw Dobias, tchecoslovaco, pela sua cantara “Edificando a pátria, defendes”.
Cinema – Wanda Jakubowska, pelo seu filme sobre Auschwitz, “A última etapa”; os diretores e operadores do filme “A juventude do mundo”, medalha de ouro: Luis Daquim, pelo seu filme “A batalha da vida”, sobre o 1º Congresso Mundial; e a exposição “A reconstrução de Varsóvia”.
Veja outros materiais do especial "60 anos da prisão de Elisa Branco e as campanhas pela Paz"