Veja outros materiais do especial "60 anos da prisão de Elisa Branco e as campanhas pela Paz"

Em artigo recente o camarada Prestes nos chamou a atenção para a imensa significação política da campanha pela liberdade de Elisa Branco, e dos demais presos e perseguidos políticos.

Elisa acaba de ser libertada, através de uma campanha das mulheres e dos jovens, dos operários e camponeses, dos soldados e marinheiros, de todos os brasileiros que amam a paz e concordam em que é um direito sagrado do povo lutar, como lutou Elisa Branco, em defesa da vida de nossa juventude reclamada insistentemente pelos gangsters de Wall Street. A luta contra a condenação monstruosa de Elisa Branco a quatro anos e três meses de prisão por que soube corajosamente empregar este direito de lutar pela vida uniu, no mesmo sentimento de indignação e revolta contra os que pretendem fazer derramar o sangue de nosso povo, todos os brasileiros, independentemente de crenças religiosas, filiações partidárias ou mesmo classe social.

Mas, para nós, comunistas, se trata só dessa justa, necessária e calorosa solidariedade aos companheiros que, por seu belo e corajoso gesto em defesa da paz, souberam mostrar aos olhos do povo a significação das lutas em que se empenha o nosso Partido. Para nós, comunistas, a campanha pela liberdade dos presos e perseguidos políticos é uma ação política muito importante e que pode fazer avançar consideravelmente no país a luta pela paz e a independência nacional. Trata-se, de fato, de enfrentar resolutamente a ameaça da ditadura fascista com a qual os imperialistas americanos e os elementos feudais-burgueses pretendem subjugar nosso povo para mais facilmente arrastá-lo à guerra de Wall Street e escravizá-los aos trustes.

Precisamos compreender que aquela ameaça de ditadura fascista que Prestes incluiu como uma das pontas do dilema que enfrenta atualmente o nosso povo não é uma simples força de expressão. É uma realidade decorrente, de um lado, das condições que enfrenta presentemente o imperialismo e, de outro lado, das condições em que passam a governar as classes dominantes em nosso país.

Na análise magistral do fascismo que fez no informe ao 7º Congresso da Internacional Comunista, o saudoso Dimitrov assinalava que a burguesia imperialista se encaminha para o fascismo, isto é, para “a ditadura terrorista descarada dos elementos mais reacionários, mais chovinistas e mais imperialistas do capital financeiro”, quando se verificam as seguintes condições: 1ª) crise econômica, 2ª) crescimento impetuoso das forças da revolução, 3ª) acentuação do problema dos mercados quando os círculos imperialistas “tentam resolver o problema dos mercados mediante a escravização dos povos débeis, mediante o aumento da opressão colonial e uma nova partilha do mundo por meio da guerra.

É indispensável assinalar que são essas as condições que enfrentam atualmente os círculos imperialistas, particularmente nos Estados Unidos. Basta ver como ali recrudesce a ofensiva dos elementos mais chovinistas e reacionários contra as liberdades democráticas, liquidando na prática todas as franquias da democracia burguesa, indo ao extremo de se instituir o “delito de opinião”, pelo qual já se encontram nos cárceres do FBI centenas e centenas de cidadãos progressistas e de partidários da paz.

No caso de nosso país, cada vez mais transformado em colônia ianque, a marcha para o fascismo é ainda mais descoberta e brutal. As classes dominantes já não podem governar sem o apoio das armas e dos dólares do patrão imperialista que, em troca, exigem cada vez maiores concessões no sentido da dominação econômica, política e militar sobre o Brasil. Para realizar esta política, contra a vontade da paz, de liberdade e bem estar de nosso povo, vontade que se manifesta com um vigor e uma clareza crescentes, os latifundiários e a grande burguesia recorrem cada vez mais à violência e à demagogia fascista contra as massas. E, se já não estamos sob uma ditadura fascista, é para lá que se encaminham os governantes. Cada novo golpe que desfecham contra as liberdades é um novo passo neste caminho do terror e do crime.

Foi ainda Dimitrov quem advertiu a gravidade de não se apreciar suficientemente “a significação que tem para a instauração da ditadura fascista as medidas reacionárias da burguesia que se intensificam nos países de democracia burguesa”. Através dessas medidas, que visam atemorizar as massas, desmoralizar o movimento operário e liquidar os restos de liberdade é que abrem caminho às ditaduras fascistas abertas e descaradas.

Assim, condenações como a de Elisa Branco, processos como os instaurados contra Prestes e os dirigentes comunistas, as prisões que se enchem de patriotas, são fatos que não podemos ignorar e deixar de encarar com a devida seriedade, como novos passos das classes dominantes no sentido da guerra, da colonização total do país e da instauração da ditadura fascista.

É claro, entretanto, que há todas as condições, nos dias de hoje, para que as massas barrem o caminho ao fascismo e à guerra. Isto depende fundamentalmente, da rapidez com que elas sejam unificadas e organizadas sob a direção da classe operária com que saibam responder ativamente a cada golpe desfechado contra as liberdade, o movimento operário e os partidários da paz.

Conquistada agora a liberdade de Elisa é necessário prosseguir na campanha pela anistia aos presos e perseguidos políticos, em defesa do direito de nosso povo lutar pela paz e a independência nacional.

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