Descrente da possibilidade de o encontro do G-20, amanhã e sexta-feira, gerar algum tipo de acordo efetivo sobre o assunto, Conceição acredita que cabe ao governo brasileiro acelerar a adoção de medidas de proteção. "Sem acordo para ordenar essa porcaria, doa a quem doer, nós temos de nos defender e, se for necessário, façamos controle de capitais, não tem nada de mais", defendeu ontem a economista durante debate no Congresso.

Além do controle na entrada de dólares, a professora também defende redução da taxa de juros, o que reduziria o apetite dos investidores estrangeiros em trazer recursos ao Brasil. "Temos de usar todos os instrumentos possíveis e não precisamos pedir licença a ninguém. Quem tem de se defender é o Brasil, e não ficar esperando G-20, 22, 23 ou 24."

Aos 80 anos, Conceição continua verborrágica. Em pouco mais de três horas de debate, defendeu um aumento maior do salário mínimo em 2011 – descontando parte do reajuste a ser concedido em 2012 -, a volta da CPMF e o fim da briga de gato e rato entre Banco Central e Ministério da Fazenda, que classificou como "jogo perigoso".

Para combater a guerra cambial, ela deixou claro que, se dependesse de seu voto, Henrique Meirelles não continuaria à frente do BC. "Mas isso sou eu." Depois que Conceição Tavares admitiu no debate que chegou a sonhar em comandar o BC na década de 1980, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sugeriu que agora seria a oportunidade de transformar o sonho em realidade. Para não deixar dúvidas que continua a mesma, a professora foi direta: "De jeito nenhum. Agora eu não aceitaria porque tenho 80 anos e estou com o pé na cova".

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Fonte: jornal O Estado de S. Paulo