O evento reuniu cerca de 300 participantes, além de lideranças políticas e sociais em homenagem à postura do deputado comunista durante a elaboração e votação do polêmico Código Florestal. Foi também uma oportunidade para o parlamentar explicar sua posição sobre o assunto. Promovido pelos diretórios estaduais do PCdoB e PDT, o evento aglutinou também políticos de outras matizes, como o prefeito Gilberto Kassab.

Em sua explanação, Aldo Rebelo enfatizou o caráter do debate ocorrido em torno do código. Para ele, por trás de posturas politicamente corretas envolvendo a questão da preservação ambiental se esconderam interesses de grandes nações interessadas nas riquezas naturais brasileiras. “Concorrência existe até entre dois pipoqueiros na rua”, brincou. “Quanto mais entre nações. O país que está no topo quer se manter ali e para isso quer subjugar as potências menores”, argumentou em referência aos Estados Unidos e países europeus.

Ele lembrou que hoje há apenas 0,3% de mata na Europa, enquanto no Brasil esse número é de 60%. “Será que o meio ambiente é o fim ou o meio para algumas correntes de opinião? Estou convencido de que para muitos é um meio”, acrescentou. Aldo lembrou ainda que a soberania alimentar e a produção de comida para milhões de pessoas sãos questões que estão em jogo nesse debate em âmbito mundial.

Para ele, “o Brasil tem plenas condições de proteger de forma equilibrada tanto suas riquezas naturais quanto sua produção agrícola, buscando assim elevar as condições de vida de nosso povo”. O deputado salientou que no texto do código atual, de 1965, colocaria na ilegalidade milhares de pequenos produtores que não teriam condições de cumprir com as normas relativas às Áreas de Proteção Permanentes (APPs) e à manutenção de matas ciliares.

“Determinar uma área de 100 metros, por exemplo, nas beiras dos rios inviabilizaria a vida dessas pessoas que em grande parte detêm pouca quantidade de terra”, explicou. “Neste debate, a proteção ambiental foi colocada como uma questão absoluta, como se a vida das pessoas não estivesse em discussão”.

Ele lembrou ainda que muitas vezes foi acusado de ficar do lado dos ruralistas. “Mas não temos uma bancada de mais de 400 ruralistas na Câmara. Conseguimos o apoio de toda a base governista e de grandes partidos da oposição. Só não votaram conosco o PV e o PSol. Isso significa que conseguimos chegar a um certo consenso. Quando pensamos de forma generosa no país, é possível reunir forças heterogêneas em nome de um bem maior”.

Reconhecimento

Uma mesa representativa compôs o debate. Entre eles, o prefeito Gilberto Kassab. “Aldo exerce seu mandato com espírito público e inteligência. Ele tem a capacidade de unir apoiadores, admiradores e amigos de uma extremidade a outra do espectro político e social”, declarou.

Segundo Kassab, “sua performance na relatoria foi magistral; ele conseguiu achar um ponto de equilíbrio entre ambientalistas e ruralistas. São Paulo se beneficiou muito do relatório. O Brasil precisa de você”.

O consultor sindical João Guilherme Vargas Netto disse que “a história do povo brasileiro é coletiva e algumas correntes tiveram um papel essencial. É o caso dos trabalhistas e comunistas que hoje estão aqui em homenagem ao Aldo. Assim como José Bonifácio, Aldo sempre buscou a soberania do país, com a perspectiva do desenvolvimento e da proteção ambiental”.

Nivaldo Santana, vice-presidente da CTB, lembrou que a central conta com a filiação de Federações dos Trabalhadores em Agricultura (Fetags) do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Bahia e Sergipe, somando cerca de 4 milhões de pessoas que apoiaram o relatório do deputado.

“O relatório de Aldo conseguiu com maestria combinar três questões essenciais: meio ambiente, produção e soberania contra ingerências externas que querem perpetuar a subordinação do Brasil às potências estrangeiras. Seu relatório desmistificou dois dogmas: que todo defensor do meio ambiente é bonzinho e todo produtor é devastador”, colocou Santana.

Representando o PCdoB do estado de São Paulo, o deputado estadual Pedro Bigardi ressaltou a dedicação de Aldo Rebelo ao Código Florestal. “Com o passar dos anos, a lei de 1965 foi sendo remendada e se descaracterizando e ninguém teve coragem de mexer nela. Aldo teve e merece todo nosso respeito”.

Julio Gushiken, da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp), lembrou que o deputado “viajou por todas as regiões para entender a realidade do país e assim fazer um relatório que contemplasse as nossas necessidades”.

A vice-presidente do PCdoB, Luciana Santos, deputada federal por Pernambuco disse que “Aldo é uma dessas figuras raras, ideólogo do partido que estuda com profundidade o nosso país”. Ela lembrou que a mídia promoveu “um bombardeio inadmissível” contra Aldo Rebelo.

José Gaspar, da executiva nacional do PDT, disse que é uma “honra para mim e para o partido estar aqui. A aprovação do código foi uma vitória da soberania nacional. Ele enfrentou um debate que eu gostaria que fosse enfrentado por todo país”.