A secretária de Relações Internacionais do PT, Iole Ilíada, falou sobre os atuais governos na América Latina e Caribe e a possibilidade de construção do socialismo a partir destas experiências. Iole destacou que todos esses governos chegaram ao poder em seus países pela via eleitoral e não por revoluções, “com partidos políticos e personalidades que encarnaram a luta contra o neoliberalismo”. Para Iole, a pergunta que precisa ser respondida é como estes governos podem contribuir para o socialismo? Em que medida estes governos usam a correlação de forças como desculpa para avançar menos do que poderiam? Para a dirigente do PT, esses governos devem fazer mais propaganda do socialismo junto às massas e buscar a construção da via socialista.


Iole Ilíada, secretária de Relações Internacionais do PT

O primeiro representante internacional a falar foi o presidente da Frente Ampla do Uruguai, Jorge Brovetto, que historiou resumidamente a construção dessa frente e a atuação dela no governo uruguaio.

Segundo Brovetto, a Frente Ampla, fundada em 5 de fevereiro de 1971, deixou de ser uma força política de confronto com a ditadura militar uruguaia e, com a volta da democracia, virou uma força de oposição construtiva. “Durante todos esses anos deixamos de ter o apoio de 10% da população e passamos para mais de 50%”, declarou o presidente da Frente Ampla.


Mesa debate "A esquerda nos governos: projetos nacionais e estratégias
socialistas na América Latina e Caribe"

O representante do Uruguai informou que a Frente é uma coalizão de partidos, mais de 20 ao todo, sendo sete com maior importância, “cada um mantendo sua identidade e sua estrutura”. Segundo Brovetto, a Frente Ampla, que está no governo desde 2005, promoveu a redução do desemprego, o aumento salarial e a melhoria do rendimento dos aposentados, entre outras políticas públicas que, para ele, tem contribuído para transformar a realidade social do país.


Público prestigia Seminário


Ciclo anti-imperialista

Sobre o atual momento da América Latina e Caribe, o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, disse que “esse é um momento histórico e inédito para a luta dos povos, pela soberania e o progresso social. Esse continente viveu o período da Ditadura Militar e depois o neoliberalismo, que levou ao agravamento maior de todos os impasses desta região”.


Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB

“Porém, se abre um ciclo progressista, anti-imperialista e democrático, que passa a ser exemplo para outros povos do mundo. Esse processo compreende diversas experiências políticas, existindo distintos níveis de acumulação de força”, abordou Renato, completando que por outro lado há alguns pontos convergentes: “a soberania nacional, uma maior participação popular, mais direitos para as massas trabalhadoras e a integração continental das américas”.

Rumo ao socialismo

O último orador do primeiro dia do seminário foi Wuillian G. Mundarain, do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), que falou sobre os governos neoliberais de seu país e o descontentamento da população e de grupos militares.

Mundarain falou sobre o período da luta armada e a rebelião cívico-militar, que mais tarde resultou na fundação do Movimento V República, tendo à frente Hugo Chávez, para organizar a campanha eleitoral, e a chegada ao poder em 1998. O dirigente do PSUV falou ainda sobre as transformações sociais na Venezuela e a participação cada vez maior da população neste processo. Para ele, o povo venezuelano não voltará atrás. “A nossa meta é o socialismo”, finalizou Mundarain.

Do Rio de Janeiro