Sob a coordenação do diretor da Fundação Maurício Grabois, Sérgio Barroso, e com as presenças de Carlos Ominami, do Chile, de Osvaldo Martinez, deputado da Assembleia Nacional do Poder Popular de Cuba, e do ilustre professor Theotônio dos Santos, o debate teve como pano de fundo a luta dos governos de esquerda para enfrentar o capitalismo.

O primeiro palestrante, Carlos Ominami, iniciou sua fala apresentando o que considera a principal característica do capitalismo contemporâneo: a subordinação da esfera produtiva pelo estabelecimento da primazia das finanças. Ominami ressaltou ainda o importante papel que o Brasil cumpre no cenário internacional para garantir os avanços na América Latina. Entretanto, o chileno foi bastante veemente ao afirmar que as recentes vitórias da esquerda no continente podem sofrer revés a qualquer momento.

O deputado cubano Osvaldo Martinez seguiu a intervenção de Ominami sobre o predomínio do setor financeiro apoiado no poderio militar dos EUA. Destacou ainda outra característica do capitalismo contemporâneo: a atuação do mercado financeiro sobre as commodities.

Theotônio dos Santos, palestrante mais esperado nesta tarde de sexta-feira, seguiu a linha de crítica ao setor financeiro. O historiador teceu severas críticas à política de juros altos do governo brasileiro que, em suas palavras, “garante a transferência de muito dinheiro para o setor financeiro”. Segundo Theotônio, no Brasil é muito comum a relação íntima entre governantes e o mercado financeiro. Como exemplo, foi lembrado o caso do ex-ministro da fazenda Pedro Malan, que hoje ocupa a presidência do conselho do Unibanco-Itaú.

Os cerca de 200 participantes presentes no encontro saíram com a certeza absoluta de que o maior inimigo a ser enfrentado no capitalismo contemporâneo é o setor financeiro.