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    Comunicação

    Dona Vitalina

    Dona Vitalina       Um cabelo branco prateado brilha no sol do meu olhar, hoje nos meus sonhos. Minha mãe encantou-se! Procuro aconchego nos textos, tecidos, com os dedos e as saudades. Lembro de quantas vezes me despedi e a carregava comigo em minhas bagagens, paragens incertas e no coração.       Comi o pó da estrada […]

    POR: Redação

    3 min de leitura

    Dona Vitalina

          Um cabelo branco prateado brilha no sol do meu olhar, hoje nos meus
    sonhos. Minha mãe encantou-se! Procuro aconchego nos textos, tecidos,
    com os dedos e as saudades. Lembro de quantas vezes me despedi e a
    carregava comigo em minhas bagagens, paragens incertas e no coração.

          Comi o pó da estrada como o bom filho que vai para o mundo, cheio de
    gana e enganos. Deixava quará minhas tristezas. Deus me deu minha mãe,
    minha mãe me deu Deus. O tempo nos ensina a carregar um sorriso, um
    abraço, um cheiro. Para mim é um desrespeito falar das pessoas que
    amamos com tristeza.

          Minha atividade me tornava, aos poucos, cada vez mais racional. No
    entanto, em cada eito do que estudava buscava o “alento invisível que
    nos anima”, essa força tão comovente que nos coloca em comunhão com o
    mundo e as pessoas, onde se situa o mistério da vida, o amor. Ali me
    encontrava com minha mãe. Ali encontrava com uma força vital que me
    empurrava para frente, que me fazia perder o medo da transitoriedade
    do tempo e que sussurrava dentro de mim, “vai, a vida vale a pena!”. A
    mãe levantando ternamente a cabeça da criança para o horizonte.

          Mas me lembrava de quantas vezes minha mãe gritava o meu nome na
    infância. Comer, estudar, trabalhar, a voz que desperta para a vida.
    Vai viver filho! Restou um cheiro do café, a fumaça do feijão, a rapa
    da panela, uma vontade imensa de querer brigar com o mundo pelo filho.

          O vestido estampado, uma vaidade, o perfume, o abraço de boas vindas.

          Nunca sai do coração. Descobri depois, e a ciência médica ensina, a
    gravidez tira o coração da mãe do lugar, mexe com os seus órgãos e das
    entranhas saímos com sua força. A primeira força que contamos para
    viver.

          Não me envergonho e ainda choro. Só as mães são felizes! Cantava o
    Cazuza. Tenho uma saudade entalada, mas a certeza que enquanto vou
    vivendo ela vai junto comigo. Dou as mãos para a vida e fico mais
    forte, com mais vontade de viver, com mais vontade de amar. Não estou
    sozinho. O primeiro amor a gente nunca esquece. Vai com Deus mãe!

    André Luiz dos Santos- Psicólogo formado na Universidade Federal de Uberlândia e Mestre em Educação na Universidade Federal de Goiás. Publicou poemas na Revista Cult e Parágrafos e alguns artigos em jornais de Goiás.
    No Jornal Cidade – Uruaçu-GO, mantém uma coluna intitulada "Cultura:diário de bordo".

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