O autor é um dos criadores do sarau da Cooperifa, Cooperativa Cultural da Periferia, movimento cultural que transformou o bar do Zé Batidão, em Piraporinha, bairro periférico da Zona Sul de São Paulo, em um grande Centro Cultural, que às quartas-feiras, desde 2001, reúne centenas de pessoas em torno da poesia e da palavra.

A energia da Cooperifa e de Sérgio Vaz gerou frutos, e nos moldes do sarau realizado em Piraporinha existem muitos outros, que acontecem em comunidades instaladas em cidades da Grande São Paulo, como Itapecerica da Serra, Embu das Artes, Osasco e Campo Limpo, e também em outras regiões do Brasil.

Para a professora Heloisa Buarque de Hollanda, autora do texto de apresentação da obra, “o título deste livro diz, literalmente, a que veio. Literatura, pão e poesia. Se ao título juntarmos o autor, o sentido maior do livro se abre diante de nós. O autor é Sérgio Vaz, o escritor cidadão, o poeta ativista. Para quem trabalha com tendências ou fica de olho nos novos horizontes da literatura, não há como não se dar conta da chegada da literatura marginal ou periférica, que veio com força e garra na virada do milênio”, diz a professora, que completa: “O poeta vira-lata, como se autodenomina Sérgio Vaz, percebeu com maestria o poder político da aquisição e instrumentalização segura da palavra e torna essa descoberta um ativismo de inclusão social diário e obstinado. Literatura, pão e poesia fala disso e do entorno desse ativismo. São crônicas, às vezes em namoro com a poesia, às vezes claramente descritivas, quase contos, às vezes um espaço de opinião e indagação.”

Nesta sua estreia em prosa, o poeta da periferia conta também com um texto de posfácio escrito pela premiada jornalista Eliane Brum: “Sérgio Vaz é, ele mesmo, o criador daquela que talvez seja a maior poesia viva deste país — o sarau da Cooperifa, na Zona Sul de São Paulo. Mas, neste livro, o poeta se faz cronista para nos trazer em prosa as notícias de um mundo em que ‘os pedreiros constroem casas (alheias) como se fossem (seus próprios) lares’ — e as domésticas ‘não admitem ser domesticadas’. Notícias de ‘um povo lindo e inteligente que sonha enquanto faz’. Em sua estreia na crônica, Vaz profana a língua com talento para incluir nela um naco maior de mundo. Tem dedos de navalha para disfarçar a ternura do olhar que afaga as entrelinhas. Nos encanta — e às vezes nos golpeia — com achados de linguagem paridos numa realidade onde as frases têm de ser puxadas pelo pescoço para não morrer de bala perdida antes mesmo de existirem.”

Serviço:
Lançamento de "Literatura, pão e poesia"
Dia 5 de agosto, a partir das 19h
Apresentação do Sarau da Cooperifa e convidados
Local: CEMUR
Pça Nicola Viviléchio, 165 Centro (final da Av. Francisco Morato)
Taboão da Serra – SP
Informações: 4788.3881 / 7207-4748