O Congresso teve um expressivo ato público de abertura (ver foto). Já pela noite, numa sessão fechada aos delegados e convidados internacionais, o secretario geral do PCV leu seu informe político ao 14º Congresso, que será aprovado pelo plenário do evento, que se encerra no domingo. Amanhã, Nadia Campeão deverá apresentar a mensagem do PCdoB ao Congresso do PCV.

O Partido Comunista da Venezuela realiza seu 14º Congresso em meio às celebrações de seus 80 anos. Fundado em 1931, o PCV passou por pelo menos 31 anos de clandestinidade, segundo o deputado Oscar Figueira, secretario geral do Partido. Nos anos 1960, liderou importante movimento guerrilheiro no país, por meio das Forças Armadas de Libertação Nacional, da qual participaram vários revolucionários da velha geração atual, como Fernando Soto Rojas e Ali Rodrigues, dentre outros.

Em 1998, quando da primeira vitória de Hugo Chávez, o PCV foi o primeiro Partido a declarar apoio a sua candidatura.

Presença do aliado PSUV

Os principais dirigentes da Revolução Bolivariana compareceram em peso ao Teatro do Parque Central em Caracas, liderados por Elias Jaua, vice-presidente da Venezuela, pelo deputado Fernando Soto Rojas, presidente da Assembléia Nacional (parlamento) da Venezuela, pelo chanceler Nicolas Maduro e pela deputada Cilia Flores, vice-presidente do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela).

Em nome desta representativa delegação, se pronunciou Fernando Soto Rojas. O presidente da Assembléia Nacional, de 79 anos, lembrou que tem relação com o PCV desde os anos 1950, e do alto de sua experiência de velho revolucionário, defendeu que o imperialismo segue sendo o inimigo principal, “ontem e hoje” dos venezuelanos. Repercutindo pronunciamento de Chávez no dia anterior, propôs “enfrentar a ditadura do dólar” e coesionar os países da ALBA (Aliança Bolivariana para as Américas) e os países dos BRICS para “lutar por um novo sistema monetário internacional”.

O telefonema de Chávez

Ao final do pronunciamento do presidente do parlamento venezuelano, o Congresso recebeu um telefonema do presidente Hugo Chávez, direto do Palácio de Miraflores. O presidente venezuelano explicou que se prepara “física e mentalmente” para uma segunda sessão de quimioterapia “nas próximas horas”.

Ao saudar o conclave máximo dos comunistas, Chávez observou que “a aliança é mais que conjuntural, é uma unidade histórica que precisamos construir”. O presidente referia-se a reconstituição do Pólo Patriótico, aliança entre o PSUV, o PCV e outras organizações políticas e sociais para impulsionar a Revolução Bolivariana.

Chávez defendeu que a aliança revolucionária plasmada no Pólo Patriótico visava a busca de “uma nova hegemonia”, ressaltando que “o caminho ao socialismo não é simples e está cheio de contradições e dilemas”.

Encerrando o ato de abertura, Oscar Figueira, do PCV, defendeu a aprovação imediata de um novo Código do Trabalho, que consolide mais direitos aos trabalhadores e que permita a estruturação dos Conselhos operários, que para ele, são decisivos para impulsionar a revolução baseando-a na classe operária.

Encontro do PCdoB com o PSUV

Na quarta-feira, dia 3, Ronaldo Carmona reuniu-se com o secretario de relações internacionais do PSUV, deputado Rodrigo Cabeza e com a deputada Ana Elisa Osório, também da área internacional deste Partido.

A reunião, realizada nas dependências da sede venezuelana do Parlatino (Parlamento Latino Americano), presidida por Cabeza, buscou discutir um conjunto de iniciativas que vem sendo trabalhadas pelos dois Partidos, e especial, o momento atual positivo pelo qual passa o Foro de São Paulo, em cujo grupo de trabalho ambos Partidos possuem assento.

Em seguida, a convite de Cabeza e Ana Elisa, Carmona se reuniu com o deputado Fernando Soto Rojas, presidente da Assembléia Nacional (ver foto). O comunista brasileiro e os parlamentares venezuelanos conversaram longamente sobre a crise mundial do capitalismo, os riscos que enfrenta o dólar e a necessidade de acelerar a integração sul-americana.

Carmona destacou a importância da reunião de presidentes da UNASUL (União de Nações Sul-amerianas), em Lima, na semana passada, durante a posse do presidente peruano Ollanta Humala, no sentido em que se discutiu a adoção de medidas diante do recrudescimento da crise no centro do sistema. O comunista brasileiro, lembrando a intervenção da presidente Dilma na reunião da UNASUL, defendeu a importância de medidas de preservem a indústria, a moeda, os empregos e as economias nacionais diante dos riscos de fortes ingressos de capitais e manufaturas provenientes dos Estados Unidos, que segue com sua política de desvalorização do dólar e da União Européia, com seu marcado interno diminuto devido a recessão. 

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Com informações de Caracas