Para Anderson, Berman também tergiversou sobre a conceituação clássica de “revolução” ao considerá-la um processo que se alonga indefinidamente no tempo e que não se concentra na destruição de um determinado poder político e nem na substituição radical de determinada forma de estrutura econômica e social, no caso, o capitalismo. Segundo Anderson a revolução seria

“(…) Um termo com um sentido preciso: a destruição política, de baixo para cima, de uma ordem estatal, e a sua substituição por outra. Não se ganha nada ao se diluir no tempo esta noção, ou estendê-la por todas as áreas do espaço social. No primeiro caso, ela se torna indistinguível de meras reformas (…); no segundo caso, ela se reduz a mera metáfora.”

Por fim, Anderson arremeteu contra os próprios conceitos de “modernidade” e “modernismo”, tão caros a Berman:

“O modernismo enquanto noção é a mais vazia de todas as categorias culturais (…). Ela não designa nenhum objeto passível de descrição por si mesmo: carece completamente de qualquer conteúdo positivo (…), aquilo que uma vez foi moderno logo fica obsoleto. (…) Nesse sentido, a vocação de uma revolução socialista não seria nem a de prolongar nem a de realizar a modernidade, mas sim a de aboli-la” (Anderson, 1986: 15).

Mesmo sem concordar com Anderson, que negava a possibilidade de construção de um conceito marxista de “modernidade”, devemos aceitar a crítica que ele dirige a Berman. Afinal, a conceituação de “modernidade” e de “modernismo” em Berman acabou se constituindo em formas sem conteúdo, perdeu a sua concretude e sua capacidade explicativa do real, do efetivamente existente.