Enquanto a crise internacional se expande, reduzindo as expectativas de crescimento da maioria dos países – inclusive do Brasil – as commoditties ainda seguram os índices da balança comercial brasileira. Para especialistas, a tendência é que, a partir de agora, as relações comerciais do País e dependam cada vez mais do aumento do comércio com os países em desenvolvimento, que ainda têm por onde crescer.

Nesse cenário, mercados que até pouco tempo atrás estavam longe de serem considerados estratégicos para o Brasil começam a ganhar relevância para o país.

No último ano, por exemplo, Cingapura subiu do 35º para o 20º lugar de destino das exportações nacionais. As vendas para o país cresceram 133%. Ainda assim, esse valor representa uma parte ainda pequena do total das exportações, de 1,19% – mas já se observa crescimento em relação ao ano anterior, quando era apenas 0,66%.

Neste mesmo período, as exportações para a Alemanha, ainda que tenham crescido em números absolutos, caíram na participação total, de 4,05% para 3,58%. No ano anterior, a queda já tinha sido de 0,01%.

Segundo Daniela Prates, pesquisadora do departamento de Economia da Unicamp, a desconcentração das exportações segue uma política dos últimos anos.

Pelo próprio estágio de desenvolvimento, países como a China precisam de mais produtos básicos, como minério de ferro, carro-chefe das exportações brasileiras.

Com a crise, que afeta, sobretudo, União Europeia e, consequentemente, Estados Unidos, o processo se intensificou. Mas, alerta Prates, ainda que Brasil esteja preparado para enfrentar a recessão, os efeitos devem ser sentidos somente no próximo ano. As expectativas de crescimento para 2012 foram rebaixadas de 4,5% para 3,2% na segunda-feira 28.

Apesar do avanço brasileiro em mercados em desenvolvimento, Amir Khair, ex-secretário de Finanças em São Paulo, comenta que ainda é difícil concorrer com produções da China e leste Ásia, que têm custo muito baixo. Além disso, com o mercado interno em baixa, União Europeia e Estados Unidos tentam ampliar exportações.

O problema, lembra Prates, é que o preço das commoditties é volátil, deixando o Brasil vulnerável às quedas. Segundo ela, é necessário incorporar valor agregado às commoditties.

Já Khair afirma que Brasil perde competitividade na logística. “Dentro das fábricas, produto brasileiro é competitivo”, diz.

Em sua viagem à Caracas, na última semana, a presidenta Dilma Rousseff reforçou laços com vizinhos. Dilma afirmou que o Brasil aumentou em 25% o comércio com países latino-americanos.

Para Dilma, a integração regional atuará como “motor” para o desenvolvimento dos 33 países da América do Sul e do Caribe. Segundo ela, a inclusão social e o desenvolvimento sustentável devem orientar as propostas das parcerias firmadas no âmbito da região.

Além disso, Dilma e  o presidente da Venezuela Hugo Chávez firmaram 11 acordos bilaterais que envolvem a construção de casas populares, ações nas áreas de agricultura, ciência e tecnologia, petróleo, energia, o incremento das relações comerciais e econômicas. A ideia é ampliar a plantação de soja utilizada como ração animal.

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Com informações da Agência Brasil