O que você está achando desta Conferência?

Esta Conferência está sendo muito importante porque nós mulheres, no capitalismo, vivemos desigualdades com muita profundidade. Ainda há opressão e, principalmente, violência. Muitos dizem que aumentou a violência, mas o que aumentou foi a disposição de denúncia. Depois da Lei Maria da Penha, a mulher teve melhores condições de poder denunciar.

Esta Conferência tem também um destaque especial, porque tem a participação dos homens. Não vamos conquistar a nossa emancipação sem a participação dos nossos companheiros. Nós só podemos conquistá-la se desenvolvermos uma luta que parta da questão humana, pessoal, se desencadeia na questão social, econômica e política, mas que caminhe para a transformação da sociedade. Sem essa transformação concomitante da sociedade, essa emancipação não vai se dar integralmente.

Temos uma defasagem grande na questão da igualdade no direito ao trabalho, o salário diferente do salário do homem. Temos também ainda menos espaços de poder. Existe uma sub-representação no poder Legislativo. Somos apenas 8,7% de deputadas federais, dentre 513 apenas 48 mulheres. No Senado, tem 81 homens e 13 mulheres.

E existe uma realidade que chama muito a atenção, que poderia ser diferenciada, no poder local. As pessoas se conhecem mais, se relacionam mais. Mas nas eleições de 2002, tivemos a eleição de 4,2% de mulheres prefeitas. Nas de 2006 melhorou um pouquinho, mas foi apenas 7,2%. E, em 2010, esperávamos um salto, foi de 9,7%, nem chegou a 10%. O sistema não contribui, não favorece esse nosso avanço, essa nossa participação.

Mas existem também bloqueios familiares. Essa dupla jornada que a mulher ainda vive. O acúmulo de demandas que caem sobre as costas das mulheres e que não lhes permite ter uma independência maior, e a colaboração dos companheiros para que elas possam avançar, e contribuir para a transformação da sociedade. Sem as mulheres não há democracia. Sem essa mais da metade, 52%, não tem como haver a transformação da sociedade.

Você tem experiência no PCdoB sobre a luta pela emancipação da mulher. Você vê essa luta em evolução? O PCdoB hoje está com uma compreensão melhor sobre essa questão?

Acho que temos avançado, mas ainda é um processo lento. Precisaria avançar mais dentro do Partido. E também precisaríamos ter uma solidariedade maior entre companheiros e companheiras, dividindo as responsabilidades familiares tanto na divisão das tarefas domésticas como também no cuidado com os filhos. Porque ainda não temos políticas públicas que diminuam esses trabalhos domésticos. Temos ainda em muitas direções um número menor de mulheres. Quando se trata das lutas de massa e nos organismos de base, o número de mulheres é muito grande.