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    Comunicação

    Eu não espero o bem que mais desejo

    Eu não espero o bem que mais desejo   Eu não espero o bem que mais desejo: Sou condenado, e disso convencido; Vossas palavras, com que sou punido, São penas e verdades que sobejo. O que dizeis é mal muito sabido, Pois nem se esconde nem procura ensejo, Em vosso olhar, severo ou distraído, E […]

    Eu não espero o bem que mais desejo

     

    Eu não espero o bem que mais desejo:
    Sou condenado, e disso convencido;
    Vossas palavras, com que sou punido,
    São penas e verdades que sobejo.

    O que dizeis é mal muito sabido,
    Pois nem se esconde nem procura ensejo,
    Em vosso olhar, severo ou distraído,
    E anda à vista naquilo que mais vejo.

    Tudo quanto afirmais eu mesmo alego:
    Ao meu amor desamparado e triste
    Toda a esperança de alcançar-vos nego.

    Digo-lhe quanto sei, mas ele insiste;
    Conto-lhe o mal que vejo, e ele, que é cego,
    Põe-se a sonhar o bem que não existe.

     

    Vicente de Carvalho – Livro dos poemas – organização de  Sergio Faraco

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