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    Comunicação

    As últimas cores do dia

    As últimas cores do dia     De que te serve a lucidez se estás sozinho quando vês? Lá vamos nós para o buraco e nem sequer temos pudor de regressar ao macaco.   De que te vale gritar teu desconforto a quem de ti se ri e é morto já, zumbi? Morde o horror […]

    POR: Redação

    1 min de leitura

    As últimas cores do dia

     

     

    De que te serve a lucidez

    se estás sozinho quando vês?

    Lá vamos nós para o buraco

    e nem sequer temos pudor

    de regressar ao macaco.

     

    De que te vale gritar

    teu desconforto a quem de ti

    se ri e é morto já, zumbi?

    Morde o horror nossa lida

    sem que ninguém se dê conta;

    e o que sai pela ferida

    não é sangue, não é vida,

    o que se esvai é a alma

    amortalhada na calma

    de uma estranha anestesia.

     

    Perdeu-se toda poesia

    e o que agora nos resta

    enquanto a cortina se fecha

    é espiar pela fresta

    as últimas cores do dia.

     

     

    Eduardo Alves da Costa – No caminho com Maiakóvski ( poesia reunida)

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