Uma das sessões realizadas no período vespertino foi o debate sobre a coordenação entre os países do agrupamento Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), com a participação de Ronaldo Carmona, pesquisador do Instituto de Estudos Contemporâneos e Cooperação Internacional (IECint), Pan Mingtao, do Partido Comunista Chinês, Leonid Kalashnikov, do Partido Comunista da Rússia, Dolores Padierna, do Partido da Revolução Democrática (PRD) e do brasileiro Pedro Pereira, do Partido Pátria Livre.

Para Pan, a complementaridade econômica entre os países do Brics é fundamental, assim como o foco na cooperação intra-bloco do bloco com regiões diversas do mundo. Neste sentido, ressalta que a postura de coordenação política que tem pautado o grupo no âmbito internacional não significa uma ruptura com as organizações internacionais existentes, mas sim uma disposição para melhorá-las, referindo-se à agenda para a reforma do sistema internacional à qual se empenham os países do Brics.

Na mesma direção, Carmona identifica os desafios do Brasil para a sua integração com os países vizinhos, a começar pela imensa assimetria e desigualdade, sobretudo econômica, mas também demográfica e geográfica com os outros países sul-americanos. Num cenário de movimentos de transição, alerta, com o declínio relativo dos países centrais, o desenlace ainda está em disputa.

Já o embaixador brasileiro Guilherme Patriota falou sobre a postura internacional do país, com um projeto diplomático de reposicionamento do Brasil e uma plataforma de democratização do sistema internacional, compartilhado com os outros países do Brics.

Entretanto, Patriota também fez uma ressalva sobre a necessidade de um posicionamento mais firme dos dois membros permanentes do Conselho de Segurança no Brics, Rússia e China, para a reforma deste organismo da ONU, que o Brasil pretende integrar, com o apoio massivo de diversos aliados regionais e internacionais.

Além disso, Patriota ressaltou o interesse comum com relação à África, e a política cada vez mais coordenada entre os países do Brics, assim como os do Mercosul, com o continente africano. Um exemplo dado pelo diplomata é o de que seis entre os 10 países que mais cresceram, em 2012, são africanos, e a inclinação para a cooperação com o continente ficou evidente, por exemplo, na última cúpula do Brics, em Durban (África do Sul), com a reunião dos cinco presidentes com 14 líderes africanos.

Patriota frisou também a necessidade de avançar-se para temas mais “espinhosos” no âmbito do Brics, ainda focado em temas de mais fácil convergência. Os países do Brics não coincidem suficientemente, por exemplo, na questão da regulação da internet e na defesa da privacidade individual e coletiva, tema que o diplomata considera ser de relevância extrema.