“Só sabe construir o futuro quem soube lutar no passado. Só sabe construir o futuro quem está construindo o presente e quem tem novas ideias para seguir adiante”. Dilma iniciou sua fala elogiando as posições corajosas e a clareza política do discurso do presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, na abertura do ato político desta sexta (15). Lembrou que a força da aliança com os comunistas brasileiros foi construída em momentos históricos difíceis do país. “Essa é uma união da esperança de que é possível sempre fazer e avançar mais. Para essa concepção que nos une cada conquista é apenas um começo. E ela nasceu também da convicção de que é necessário continuar mudando o Brasil”.

“Não posso deixar de dizer que aqui, vejo nos olhos de cada um de vocês a mesma chama que animou o heroísmo patriótico de João Amazonas, de Mauricio Grabois, de Pedro Pomar e de Elza Monnerat. A mesma coragem e entrega daqueles que morreram no Araguaia sonhando e lutando por um Brasil melhor. É essa mesma chama de luta que eu vejo no discurso do presidente do PCdoB, Renato Rabelo. É uma força nos discursos que mostra os compromissos com a transformação”.

Dilma ressaltou a força da trajetória que constitui o PCdoB e suas lutas e que, segundo ela, sempre irá emocionar todos aqueles que participaram do momento difícil do Brasil que foi a luta pela transformação e pela construção da nossa democracia. “Essa força eu vejo também agora no Aldo Rebelo, no Inácio Arruda, no Haroldo Lima, no Orlando Silva e em tantos outros. Queria dizer que essa mesma força está nos corações das mulheres do PCdoB, da Luciana [Santos], da Vanessa [Grazziotin], da Perpétua [Almeida], da Manuela [D’Ávila], da Jandira [Feghali] e de todas as queridas ‘marias’ mulheres deste partido”.

A presidenta reforçou que a aliança com os comunistas está construída em torno de ideais, princípios e na “certeza de que um Brasil realmente rico e grandioso é possível se dele fizerem parte todos os 200 milhões de brasileiros e brasileiras. Se sua soberania for defendida e sempre contemplada, se sua democracia for cada vez mais forte e consolidada. O PCdoB foi e é protagonista de todo esse processo de mudanças que ocorreram no Brasil. Estou certa que as vitorias que alcançamos até aqui são parte inicial das grandes transformações que necessitamos. Por isso é bom lembrar que o Brasil que o PCdoB comemorou seus 91 anos e no qual se realiza o seu 13º Congresso é um país completamente diferente daquele em que iniciamos a nossa parceria no ano de 2003 quando chegamos todos na direção do Executivo federal”.

A mandatária brasileira fez um balanço da economia no país. Afirmou que em 2013, a inflação fechará o ano pela 10ª vez consecutiva dentro da meta estabelecida pelo governo. “Se equivocam aqueles que olham e dizem que a inflação não está sobre controle”. Ressaltou o controle da inflação e o compromisso com a estabilidade macroeconômica e com a geração de empregos — uma das principais diferenças do modelo neoliberal representado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pela direita brasileira.

Ela apresentou os índices recordes de investimentos do governo federal através de programas centrais como o Bolsa Família, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Minha Casa, Minha Vida, o Pronatec, e o Mais Médicos. Falou da atuação aguerrida da União Nacional dos Estudantes (UNE) na luta para assegurar o investimento dos royalties do pré-sal para a Educação brasileira.

“Temos uma união sólida feita em ações concretas e princípios e concepções. Isso não significa que pensamos igual, mas que somos capazes de realizar um debate franco em torno desses ideais e que respeitamos mutuamente nossas diferenças e a nossa força é justamente essa. É assim que se firmam as melhores alianças políticas com compromissos com o país, com a governabilidade, com o avanço econômico, com a defesa de nossa soberania e com o bem-estar de nosso povo. O fato é que o PCdoB me ajuda e compartilha comigo o desafio de governar o Brasil”.

Reafirmação de apoio ao governo Dilma

A jornada de debates desta sexta-feira (15) no 13º Congresso do PCdoB foi encerrada com o Ato Político, centralizado na presença e no discurso da presidenta Dilma Rousseff. Representantes de diversos movimentos sociais com forte presença no partido, ministros e quadros do PCdoB e de outros partidos compuseram uma mesa que refletiu o contexto político de 10 anos de governos progressistas e o importante papel dos comunistas.

O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, iniciou uma noite de discursos abrangentes sobre a construção dos governos progressistas e o avanço social que caracteriza a transformação estrutural do país. Além disso, fez uma análise conjuntural sobre os novos rumos e reafirmou o apoio dedicado do partido à reeleição da presidenta Dilma.

Em meio aos brados vigorosos dos militantes da União da Juventude Socialista (UJS), que levantaram os delegados com lembranças à juventude do Araguaia e clamores à luta comunista, a noite foi preenchida por reflexões sobre o contexto político brasileiro nesta década de avanços socioeconômicos estruturais, o papel do PCdoB nessas conquistas e os direcionamentos a serem traçados com a superação dos novos desafios, sobretudo às vésperas das eleições de 2014.

Além disso, estavam na plateia mais de 50 delegações de partidos de esquerda internacionais que acompanham as atividades do 13º Congresso do PCdoB – desde o seu encontro internacional, realizado entre os dias 13 e 14 de novembro-, evidenciando o grande prestígio do partido no âmbito global.

Compuseram a mesa do ato os representantes da UJS, da União Brasileira de Mulheres (UBM), da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), da União de Negros pela Igualdade (Unegro), da União Nacional de Estudantes (UNE) e da Confederação Nacional de Associações de Moradores (Conam), entre os movimentos sociais.

Além disso, também foram convidados à mesa o presidente do PCdoB do estado de São Paulo, vereador Orlando Silva, a deputada federal Jandira Feghali, o candidato do PCdoB ao governo do Maranhão, Flávio Dino, a vice-presidente do PCdoB, Luciana Santos, o senador Inácio Arruda, líder da bancada do PCdoB no Senado, a deputada federal e líder da bancada do PCdoB na Câmara, Manuela D’Ávila, os ministros do Esporte, Aldo Rebelo, da Educação, Aloísio Mercadante, da Saúde, Alexandre Padilha, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, o presidente PT, Rui Falcão, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad e a ex-vice-prefeita paulistana, Alda Marco Antônio, do Partido Social Democrático (PSD).

Reformas estruturais e democráticas

Renato Rabelo iniciou a sua fala comentando a notícia sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal de emitir mandatos de prisão contra os julgados na Ação Penal 470, que ficou apelidada pela mídia monopolista e da direita reacionária de “mensalão”. A decisão, tomada em detrimento dos recursos (embargos infringentes) aos quais os réus ainda têm direito, demonstrou a transformação da Justiça em instrumento político e representa um ataque ao Estado de Direito.

“A grande mídia busca criar um clima de regozijo que lembra a Idade Média, os condenados da Inquisição”, disse o presidente. O PCdoB, continuou, “não vê motivo para festa, nem julga que a justiça esteja sendo feita”.

Neste sentido, a defesa da reforma democrática, contra o financiamento privado de campanha e em prol do fortalecimento dos partidos apresenta-se novamente como uma necessidade estrutural, em um contexto de avanços e para o fortalecimento da democracia brasileira.

Renato Rabelo afirmou que o respeito e a legitimidade dos partidos dependem da reforma política, e que “não há avanço democrático sem partidos políticos”. No mesmo plano, ressaltou a urgência da democratização dos meios de comunicação “pela diversidade e pluralidade informativa”, fazendo menção também ao Marco Civil da Internet neutra e livre.

Dedicação comunista aos governos progressistas

O PCdoB reafirmou o seu compromisso e atuação no avanço progressista do Brasil, com conquistas significativas, principalmente para a redução das profundas desigualdades e a superação das injustiças no país.

“Temos consciência da nossa responsabilidade diante da oportunidade histórica”, disse Renato Rabelo. “Não podemos nos dispersar, tudo faremos para dar a nossa contribuição”, continuou, com ênfase à mobilização necessária para que o governo aprofunde as mudanças que a nação pede, por meio das reformas estruturais democráticas.

Além disso, ressaltou que, ainda que a mídia se empenhe nas campanhas contrárias ao governo Dilma, a presidenta continua conquistando altos índices de aprovação e popularidade.

As propostas falidas da direita sem alternativas e o alarmismo sobre a situação econômica mundial – com as supostas repercussões no Brasil – são instrumentos da mídia para desacreditar o grande avanço do país – ainda que imerso em um mundo em crise sistêmica do capitalismo-, deixando-o também vulnerável aos ataques especulativos do sistema financeiro mundial.

Por isso, o presidente do PCdoB dirigiu apelos diretamente à presidenta Dilma para a resistência contra as medidas neoliberais do passado, contra o retrocesso, ou ao retorno às políticas retrógradas de arrocho hoje impostas na Europa contra o povo cada vez mais empobrecido e explorado.

O respaldo à reeleição de Dilma e à continuidade e aprofundamento da transformação social no Brasil ficaram patentes no discurso de Renato Rabelo. “Camaradas e amigos, o PCdoB tem campo e rumo definidos: Apoiará a presidenta Dilma na sucessão presidencial de 2014, para que o povo obtenha a sua quarta vitória!”, afirmou.

Mobilizações sociais e parceria

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, também manifestou grande admiração pelo PCdoB, saudou a realização do seu 13º Congresso e agradeceu o apoio ao seu governo.
Haddad ressaltou contribuições significativas do partido comunista a campos cruciais, como a educação. “Nos últimos 10 anos, conseguimos dobrar o número de universitários no Brasil”, disse o prefeito.

As mobilizações estudantis e a atuação da UJS e da UNE foi saudada pelo prefeito, que ressaltou avanços fundamentais dos quais o PCdoB tem feito parte.

Sobre a sua articulação, Haddad disse que “o PCdoB não é um partido aliado, coligado, da coalizão, ou um partido da base, mas um partido irmão do Partido dos Trabalhadores”. E continuou: “O PCdoB é um partido irmão, mais velho e mais sábio, que tem a clareza de que devemos manter viva a chama socialista no Brasil”.

Por isso, classificou a parceria entre “partidos que contestam a ordem, para superá-la ou aperfeiçoá-la, partidos que não aceitam o status quo e querem sempre perseverar na mudança”.

No mesmo sentido, a presidenta Dilma também saudou o PCdoB pela trajetória de lutas sociais e em prol da classe trabalhadora, pelo papel direto nos 10 anos de governos progressistas e pelo apoio dedicado à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva desde a sua primeira candidatura, em 1989, com a construção de uma história de cooperação com o objetivo primordial de transformação social para um país mais digno e justo.

Por Mariana Viel e Moara Crivelente, da redação do Vermelho no 13º Congresso do PCdoB