Os 50 anos do golpe militar imposto ao Brasil serão lembrados em um território emblemático de luta de ideias, com homenagens aos que resistiram, das mais diversas formas, ao regime ditatorial. O Tuca, teatro da PUC-SP incendiado e invadido por militares, assume sua vocação conhecida de resistência política à ditadura, reunindo a militância das lutas sociais para homenagens a personalidades simbólicas da resistência e aos mártires que deram suas vidas pelo ideal democrático.

Às 18 horas, ocorre a inauguração do “Monumento ao Nunca Mais” nas dependências da PUC-SP, um dos 16 inaugurados ao longo do ano em diversas cidades brasileiras pelo Projeto Marcas da Memória, da Comissão de Anistia, em parceria com o Instituto Alice. Os monumentos são como tótens situados em espaços simbólicos da resistência à ditadura.

A partir das 19 horas, ocorre o ato conduzido pelo ator Sérgio Mamberti, permeado por apresentações musicais do compositor Sérgio Ricardo, cantando sua canção Calabouço, em homenagem ao estudante Edson Luís, assassinado durante confronto com policiais militares no restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro, em 1968. O coral Luther King, sob regência de Martinho Lutero, apresentará um repertório identificado com o evento. Entre as canções estará Viola Enluarada (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle).

As homenagens prosseguem ao presidente da República João Goulart, representado pelo neto João Alexandre Goulart. Aos 88 anos, o poeta amazonense Thiago de Mello é lembrado por sua obra, como “Poesia comprometida com a minha e a tua vida”, de 1975, que provocou sua prisão e exílio. O poeta representará simbolicamente todos os artistas que produziram e enfrentaram a repressão. Haverá, ainda, homenagens aos estudantes e trabalhadores, assim como a mais de 400 mártires da resistência assassinados pela ditadura. Finalmente, Dom Paulo Evaristo Arns será lembrado pelos setores religiosos que cumpriram importante papel na defesa dos direitos humanos, a exemplo do rabino Henry Sobel e do pastor presbiteriano Jaime Wright.

O Ato reafirma o compromisso de luta pelo direito à memória e à verdade, tanto na busca pelo paradeiro dos corpos dos que foram assassinados pela ditadura, como pela punição aos torturadores. Apoio explícito, portanto, ao trabalho da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, da Comissão Nacional da Verdade, da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva, da Comissão da Verdade da PUC-SP Reitora Nadir Gouvêa Kfouri. Confirmada a presença de Paulo Abrão, presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.

Lideranças nacionais do PT, PCdoB e PDT farão pronunciamentos, assim como lideranças sindicais e sociais. O Ato é realizado pela Fundação Perseu Abramo, a Fundação Maurício Grabois e a Fundação Leonel Brizola e Alberto Pasqualini, pelo PT e PCdoB, pela CUT e CTB, Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva, Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, pelo MST, UNE, UBES, Conam, UJS, UBM, ANPG e Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé. O evento tem o apoio do Conselho Federal da OAB, da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo e da Comissão da Verdade da PUC-SP Reitora Nadir Gouvêa Kfouri.

SERVIÇO:
EVENTO – 50 anos do golpe de 1964: Ato em Homenagem à Resistência e Luta pela Democracia
DATA: dia 2 de abril, quarta-feira.
PROGRAMAÇÃO: 18h, Inauguração do Monumento ao Nunca Mais (PUC-SP) e 19h, Ato em Homenagem à Resistência e Luta pela Democracia (Tuca)
LOCAL: Tuca/PUC-SP, Rua Monte Alegre, 1024, Perdizes, São Paulo.