Será o nosso sexto campeonato mundial de seleções. Essa é a nossa torcida. E, para chegar lá, teremos percorrido um caminho cheio de obstáculos. Alguns, naturais na organização de um evento do tamanho da Copa FIFA de seleções. Outros, criados por críticos de visão curta e pessimistas empedernidos que, parece, não superaram o complexo de vira-latas apontado por Nelson Rodrigues nos anos 50 do século passado, quando os próprios brasileiros não se julgavam aptos a enfrentar grandes desafios .

Esses críticos fecham os olhos aos empregos conquistados pelos brasileiros nas obras ligadas diretamente à preparação do país para a Copa – reforma e construção de 12 estádios, aumento da rede hoteleira, expansão da rede de prestação de serviços – ou naquelas já previstas e exigidas pelo crescimento das cidades, antecipadas e aceleradas para aproveitar as oportunidades criadas pelo evento, e se prendem a insinuações de que, para organizar a Copa, o Brasil reduz investimentos em saúde, educação, segurança.

Sinceramente… Só quem faz a critica pela crítica tenta fazer crer que não sediar a Copa resolveria nossos problemas,  O evento – o maior do mundo – tem um teto de investimentos de R$ 33 bilhões, que não deve ser alcançado. O custo total está estimado em R$ 25,6 bilhões. E nesse total estão incluídos os R$ 8 bilhões investidos nos 12 estádios onde será jogado o torneio.

É dinheiro emprestado pelo BNDES nas mesmas condições exigidas de qualquer outro setor da economia e que, portanto, voltará ao banco para continuar incentivando o desenvolvimento do Brasil. Consultorias independentes estimam que a Copa vai gerar 3,6 milhões de empregos e produzir uma ampliação  de R$ 142 bilhões na economia nacional entre 2010 e 2014.

Temos problemas nas áreas de saúde, educação, segurança? É claro que temos. Estamos enfrentando e reduzindo esses problemas? É claro que estamos. Em junho do ano passado, um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) informou que, em uma década ( 2000 a 2010),  o investimento do Brasil em educação subiu de 3,5% para 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB) superando os Estados Unidos (5,1%) e alcançando a média da França (5,8%) e  da Grã-Bretanha (5,9%),

Em 2013, só as 12 cidades-sede da Copa  receberam R$ 49,4 bilhões do governo federal para educação. O investimento total do MEC, no ano passado, foi R$ 93,85 bilhões. Vale a pena repetir: o custo dos estádios é de R$ 8 bilhões, apenas 8,5% desse valor.

Na Saúde, o orçamento da União para 2014, aumentou 31% em relação a 2011 e chegou aos R$ 106 bilhões. Nesse período, o governo federal investiu R$ 258 bilhões em obras e serviços na área de saúde.

O uso das dificuldades que ainda enfrentamos para criticar a decisão de sediarmos a Copa e executar obras de melhoria da infraestrutura de mobilidade, transporte e segurança é uma falácia. Como também não se sustenta a afirmação de que os atrasos em algumas obras provam que o torneio não deixará legado. As obras que não ficarem prontas até o início da Copa continuarão a ser executadas. E vão se juntar ao legado que não se pode medir em metros quadrados, aquele que virá da exposição ao mundo da nossa capacidade para organizar, sediar e vencer grandes desafios.

Depois da Copa, os brasileiros vão seguir usufruindo dos empregos gerados neste período e vivendo em cidades melhores. O País vai se beneficiar de novos negócios, do aumento na arrecadação de impostos. E passaremos a ser vistos não apenas como exportadores de craques, mas como capazes de fornecer, também, serviços futebolísticos, com modernos centros de treinamento, que poderão receber times e seleções que pretendam aperfeiçoar seus atletas e trocar experiências em todas as áreas de esporte.

Não tenho dúvidas, daqui a 100 dias, quando começar o jogo Brasil x Croácia, na Arena Corinthians, começa, também, a Copa das Copas.

Aldo Rebelo é Ministro do Esporte

Artigo publicado na edição desta terça-feira (04.03) do jornal Lance!