Foi eleita como presidenta da ANPG a pós-graduanda Tamara Naiz durante o 24º Congresso Nacional de Pós-Graduandos, realizado de 1 a 4 de maio na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O processo eleitoral teve a participação de 361 delegados representantes de instituições de ensino de todo o país. A mestra em História pela Universidade Federal de Goiás e especializanda em Docência do Ensino Superior, que encabeçou a chapa “Pra lutar por mais direitos: Mais Vale o que Será”, obteve 238 votos, que representaram 80% do eleitorado. A chapa concorrente, “Amanhã Vai Ser Maior”, obteve 60 votos.
O 24º Congresso Nacional da ANPG também definiu os rumos e posicionamentos da entidade para os próximos dois anos, no que diz respeito à conjuntura nacional, educação e sua organização. As propostas elaboradas nos Grupos de Discussão foram submetidas à Plenária Final.
Durante a plenária, foi aprovado ainda o Documento de Direitos dos Pós-graduandos, um dos principais temas do 24º CNPG. O documento servirá de base para a luta nacional dos pós-graduandos e sua efetivação pode se dividir em diversas portarias e projetos de lei, que visem a regulamentação de direitos como 13ª bolsa, licença paternidade e outros.
Foram aprovadas oito moções sobre assuntos destacados pelos pós-graduandos. A plenária votou ainda as propostas de resolução debatidas durante os grupos de discussão. Os delegados aprovaram também a prestação de contas da gestão 2012-2014.
Perfil
A pesquisadora Tamara Naiz, 29 anos, é mestra em História pela UFG, e especializanda em Docência do Ensino Superior na FMU. Foi Diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE) e na gestão 2012-2014 ocupou o cargo de Tesoureira da ANPG. Natural de Brasília, construiu sua militância no movimento estudantil em Goiás e, atualmente, mora em São Paulo.
Ato político
Na manhã do sábado (3), o terceiro dia do 24º Congresso Nacional de Pós-Graduandos teve sua programação iniciada pelo Ato Político. A atividade reuniu em torno do tema “Mais verbas para C,T&I: Valorização da Ciência e dos Pesquisadores” o Secretário Executivo de Ciência e Tecnologia da FACEPE, José Bertotti; o professor Emérito da UFRJ e representante da SBPC, Nelson Maculan; a Diretora de Cultura da UNE, Patrícia de Matos; e a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), também ex-secretária de C&T da cidade de Niterói e ex-membro da Comissão de Comunicação, Ciência, Tecnologia e Informática.
Patrícia iniciou o debate, dizendo que a dificuldade da área de Ciência e Tecnologia está não apenas na falta de verbas, mas na falta de articulação das políticas públicas brasileiras.
Maculam comentou que os muitos entraves da política de ciência e tecnologia são decorrentes do pacto federativo brasileiro que estabelece as competências dos estados, municípios e União. “A dimensão continental do Brasil, aliado à falta de diálogo entre os entes federativos, prejudica muito a ações de C,T &I”, disse.
Bertotti pontuou que a questão central não é a dicotomia entre a ciência básica e a ciência aplicada, mas a necessidade de se discutir quem financiará cada um desses setores. Disse ainda que a Fundação de Amparo à Pesquisa (Facepe) vai rever o estatuto para incluir um representante dos estudantes de pós-graduação, abrindo, assim, um precedente para futuras inclusões de pós-graduandos nos conselhos das demais fundações estaduais. Por fim, enfatizou o papel da Ciência e Tecnologia como alavanca do desenvolvimento nacional.
Assumindo a palavra após a participação dos convidados, Luana Bonone, presidenta da ANPG, falou sobre o Documento de Direitos dos Pós-Graduandos e defendeu campanhas para o aumento do orçamento de ciência, tecnologia e inovação.
Luana reiterou a proposta de Bertotti sobre a importância de se debater a política macro econômica, da política de juros, para o enfrentamento do problema da distribuição de recursos no país. Luana acredita que a ANPG deveria convocar, ao final do congresso, uma caravana em defesa do financiamento da C,T&I em parceria com as instituições da comunidade científica.
“Nesse debate, devemos pautar inclusive os rumos desse investimento, sobre o projeto de ciência e tecnologia que queremos para o nosso país. Ao mesmo tempo em que debatemos o projeto que nós queremos, discutiremos a superação das dicotomias de investimento em ciência básica e inovação, a ampliação dos investimentos e a garantia de 2% do PIB para ciência e tecnologia”, pontou ela, mencionando a pauta histórica da comunidade cientifica.
Luana acrescentou ainda que a ANPG quer apresentar também a importância da disputa pelos recursos do minério que estão sendo agora votados no Congresso Nacional. A bandeira sobre o assunto se resumo no slogan “Royalties do minério para Ciência, Tecnologia e Inovação”. “Contamos com o apoio da comunidade científica, mas principalmente com a mobilização permanente dos pós-graduandos para que possamos pressionar e aprovar essas pautas ”, disse Luana.
Por Cristiane Tada e Natasha Ramos, do Rio de Janeiro