Candidatura de Marina é aventura a serviço da direita
A Executiva Nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB) reúne-se nesta quarta-feira (20) para formalizar a indicação da ex-senadora Marina Silva como candidata à Presidência da República, em substituição a Eduardo Campos, morto em trágico acidente aéreo na semana passada.
É visível o assanhamento da direita em torno da nova situação criada, que marca uma mudança no quadro político-eleitoral.
Marina Silva precisará superar divergências internas no próprio PSB, que parecem insanáveis. O PSB historicamente compõe a esquerda brasileira, com compromissos reais com a conquista do progresso social. Em que medida candidaturas socialistas em todos os níveis comprometidas com estes anseios (deputados estaduais e federais, governadores e senadores), aceitarão uma candidata de caráter neoliberal e conservador como Marina Silva?
Marina Silva já deu sobejas demonstrações de forte personalismo e de que suas inclinações, ao contrário da imagem que tenta vender como protagonista da “nova política”, são para a direita. Manifestações de cardeais tucanos – como o ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Carlos Mendonça de Barros – são eloquentes nesse sentido. Segundo ele, um eventual governo com Marina à frente seria acompanhado pelo desembarque de notáveis tucanos para apoiá-la na administração e na condução da política econômica. O economista tucano mencionou, de saída, os gurus econômicos de Marina Silva, os tucanos André Lara Resende e Eduardo Gianetti da Fonseca. Eles aplicariam num eventual governo Marina a cartilha tucana (“trazer inflação para a meta, realinhamento de preços administrados, disciplina fiscal, independência do Banco Central, etc…”). O governo que teria, no Congresso Nacional, forte apoio de “diversos quadros de melhor qualidade”. A “melhor qualidade” é indicada, aqui, pela plumagem que exibem. Ante a dificuldade do candidato do PSDB Aécio Neves decolar nas pesquisas de opinião, há tucanos de alta plumagem que não escondem a tentação de elaborar um plano alternativo, com Marina à frente.
O desenvolvimento da campanha eleitoral indica amplas possibilidades de vitória do campo democrático-popular, com a reeleição da presidenta Dilma Rousseff. A candidatura de Marina Silva sinaliza, tanto quanto a de Aécio Neves, uma ameaça às conquistas alcançadas desde 2003, nos governos Lula e Dilma. A tentativa de eliminar essas conquistas num governo exercido por uma personalidade como Marina Silva e com o apoio de setores da direita poderia ser algo explosivo. Marina não tem compromissos democráticos nítidos quanto aos movimentos sindicais e populares, com a política de valorização do salário mínimo, do trabalho e do emprego. Muito menos com a realização de uma política externa soberana. Comprometida com interesses facciosos de ONGs internacionais, não tem capacidade de unir as forças vivas da nação para enfrentar os desafios de um mundo conflituoso e sempre ameaçador para a soberania nacional dos países que lutam para se firmar como nações independentes e progressistas.
As mudanças progressistas iniciadas em 2003 precisam continuar e avançar. A direita tem sido, historicamente, o principal fator de crise e instabilidade política no Brasil e isso se deve fundamentalmente à sua insistência na defesa de seus privilégios contrários ao bem-estar dos trabalhadores e do povo e afrontosos à soberania nacional e ao desenvolvimento do país.
As mudanças ocorridas na última década elevaram os brasileiros a outro patamar democrático e de bem-estar, com renda, emprego, desenvolvimento e perspectiva de fortes melhorias no sistema educacional, no atendimento público à saúde e na segurança pública. Os brasileiros, hoje, têm orgulho de sua nação. Não podem colocar isso em risco apostando numa aventura cujo nome é Marina Silva.
Publicado no Vermelho