Ao apresentar o autor, Alanir destacou que, além de lançar seu livro, Aldo participaria do lançamento no estado da Campanha Nacional de Luta pela Reforma Política Democrática, encabeçada pela OAB Nacional, CNBB e mais de cem entidades da sociedade civil, ocorrido nesta quarta-feira (3), na sede da OAB-PE. Aldo é membro da comissão de mobilização da campanha.  
“Trata-se de uma aspiração importante para a quadra política que atravessamos. Nós acabamos de sair de uma eleição radicalizada, evidentemente, com a grande vitória que  foi o quarto mandato do povo com a reeleição da presidenta Dilma Rousseff. Mas, nós saímos com um país conturbado, um país que polarizou e se dividiu em torno de projetos distintos e, de certa maneira, a eleição, para os que perderam, não terminou,  com a tentativa de um terceiro turno, que se chama tentativa de impeachment, tentativa  de não legitimar os resultados da urnas”, disse Alanir.
Ele lembrou ainda a trajetória política do escritor. “Aldo foi um dos dirigentes da Ação Popular e hoje é um dos principais dirigentes do PCdoB. Tem uma  trajetória de militância que, para nós, é um exemplo, uma fonte de inspiração, uma razão de ser naquilo que nós vamos construindo no sentido de  fazer o nosso país mais  avançado, mais solidário, com mais justiça social e, em última instância, para nós que lutamos para instalar em nossa terra a República dos trabalhadores e a nova sociedade de nossos sonhos, que é o socialismo”.
Alanir fez  questão de registrar as presenças de companheiros ilustres, que atuaram na AP e na resistência à ditadura militar, membros ou não do PCdoB, tais como padre Marcelo Barros; Roberto Trevas; Valdir Dantas; José Antônio (Jô); Tadeu Lira; Luci Siqueira; Nevinha Cardoso; Eufrásio Elias e José Inácio Barbosa (Zezinho).
“Faço esses registros para valorizar o fato de que nossa luta não começou agora, vem de muito anos e ainda vai continuar por muito tempo e, seguramente, os mais jovens vão estar com a responsabilidade de sustentar nossa bandeira. Isso tudo, é para destacar o papel que o nosso companheiro Aldo tem desempenhado ao longo desses anos de militância”, explicou o dirigente pernambucano.
Ele citou como exemplo da atuação de Aldo, a presidência da UNE, “uma das mais destacadas da história da entidade”; o pioneirismo na resistência ao golpe de 1964; a prisão durante a Chacina da Lapa, na qual foram mortos e presos vários dirigentes comunistas, vítimas da repressão militar.
Alanir lembrou ainda  que Aldo Arantes é ex-deputado federal pelo estado de Goiás (1982), onde nasceu, e depois deputado Constituinte (1986), com “atividade intensa na vida partidária e na vida política mais ampla e hoje é membro do Comitê Central e responsável pela política de Meio Ambiente do partido, além de participar da coordenação ativa do movimento de luta por uma reforma política democrática”.

Foto: Audicéa Rodrigues

Reforma democrática
Aldo Arantes, por sua vez, convidou a todos para o lançamento da campanha pela Reforma Política Democrática, ressaltando que a reforma que defende “não é qualquer reforma política. Tem de ser democrática”. Ele falou ainda sobre a mobilização pela   reforma, que, segundo ele “é um patrimônio político dos setores democráticos, que ainda não foi compreendido por muita gente”.
“Na minha opinião, isso é uma grave subestimação. Num momento em que a direita conseguiu obter uma votação expressiva, que tenta fazer o terceiro turno, do ponto de vista tático, qual é o nosso objetivo? Atrair gente que está lá para o nosso lado. Como a gente faz isso? Colocando palavras de ordem que aprofundem a democracia, que mobilizem a sociedade. Colocar uma palavra de ordem que não corresponde a uma realidade objetiva, que é uma suposta boa vontade, ao invés de ajudar, atrapalha”, ensinou.
Ele chamou atenção para o fato de que o que está colocado é a  reforma política,  mas que não se trata de qualquer reforma política, mas da  reforma política democrática. “Tem que qualificar”, destacou.
“Nós temos o maior respeito pelos companheiros que defendem a Constituinte exclusiva, só que aí, além de ser uma palavra de ordem que, em nossa opinião, não está sintonizada com os níveis da luta colocada, não inclui no debate qual é a proposta de conteúdo. Porque, se nós ficarmos falando em modificações radicais sem entrar no mérito das propostas que estamos fazendo, sem querer nós estaremos deixando o espaço aberto para a direita viabilizar a reforma política antidemocrática”, disse, citando como exemplo a defesa, pela direita, do sistema distrital misto.
Aldo fez ainda um alerta e um chamamento. “Na  verdade, essa coalizão tem um projeto de iniciativa popular em torno de quatro questões. Primeiro, o fim do financiamento de campanha por empresas e a adoção do financiamento democrático de campanha, que é o financiamento público, com a possibilidade de financiamento de pessoa física limitado; segundo, o sistema proporcional em dois turnos. No primeiro turno, se vota num partido e ao votar no partido você eleva o patamar da luta política, que passa a se dar em torno de propostas, de ideias, e induz a formação do partido;  reduz o número de partidos, mas assegura uma coligação proporcional em outras formas”. Ele citou ainda como propostas da comissão a paridade de gênero e o mecanismo de democracia direta. 
O livro Alma em Fogo foi também objeto de comentários do autor, que explicou a origem do título e falou sobre  alguns momentos de sua autobiografia, com destaque para o que considerou fatos “interessantes” ocorridos em sua luta política antes e durante o regime militar, além das reflexões sobre a questão ambiental, o socialismo e a luta democrática.

Juventude
Na terça-feira (2), pela manhã, Aldo Arantes participou de debate com integrantes da UJS – União da Juventude Socialista de Pernambuco. O encontro aconteceu no auditório Marcelo Medeiros, do Comitê Estadual do PCdoB-PE. A conversa teve como tema a Reforma Política Democrática.