Até agora o modelo de desenvolvimento vem tendo por eixo o automóvel, primeiro na forma do taylorismo-fordismo e depois do toyotismo, com todos os efeitos colaterais negativos daí decorrentes: verticalização das cidades, congestionamento do tráfego, acidentes de trânsito que ceifam vidas onerando o orçamento da saúde, poluição ambiental, aquecimento global, além do seu caráter concentrador da renda com o aprofundamento das desigualdades sociais.

O problema todo se resume, então, na mudança do modelo definindo o fator estratégico de desenvolvimento do Brasil a partir do qual todas as energias da nação serão mobilizadas.
Considerando o reconhecimento consensual de que na sociedade atual a educação é a chave sem a qual todas as portas se fecham, pois sem ela os indivíduos ficam excluídos e as organizações, perdendo em produtividade, acabam tragadas na voragem da competitividade, segue-se que devemos eleger a educação como o fator estratégico de desenvolvimento do país. Não se trata, pois, de colocar os recursos para a educação em competição com outras áreas como saúde, segurança, estradas, pobreza, previdência, combate à fome, habitação, preservação ambiental etc. Ao contrário, a educação será a via escolhida para atacar de frente todos esses problemas.
Ao investir na construção de novas escolas para absorver toda a população em idade escolar, estaremos dinamizando a indústria da construção civil com todos os seus sucedâneos. Povoando essas escolas com profissionais bem remunerados, estaremos atacando o problema do desemprego diretamente, pois serão criados milhões de empregos. Estaremos atacando o problema da segurança ao retirar das ruas e do assédio do tráfico todas as crianças e jovens. Mas, principalmente, estaremos atacando todos os demais problemas, pois promoveremos o desenvolvimento econômico. Como? Ora, esses milhões de pessoas atuando nas escolas e recebendo altos salários, o que irão fazer com seu dinheiro? Evidentemente, não vão guardá-lo debaixo do colchão. Esse dinheiro irá mover a roda da economia pelo consumo que irá ativar o comércio que, por sua vez, ativará o setor produtivo (indústria e agricultura), que irá produzir mais, contratar mais pessoas.
A implementação desse novo modelo de desenvolvimento provocará o crescimento exponencial da arrecadação de impostos. Com eles o Estado poderá resolver os problemas de infraestrutura e arcar com os programas sociais destinados ao agora reduzidos grupos de não incluídos nesse amplo processo de desenvolvimento geral do país. E, claro, será resolvido também o problema da qualidade da educação: transformada a docência numa profissão atraente, para ela acorrerão muitos jovens dispostos a investir seus recursos, tempo e energias numa alta qualificação obtida em graduações de longa duração e em cursos de pós-graduação. Com um quadro de professores altamente qualificados formaremos os tão decantados cidadãos conscientes, críticos, criativos, esclarecidos e tecnicamente competentes para ocupar os postos do fervilhante mercado de trabalho de um país que estará recuperando, a pleno vapor, sua capacidade produtiva. Estaria criado, por esse caminho, o tão desejado círculo virtuoso do desenvolvimento.
Enfim, penso ser possível afirmar que esta é a única forma de se atingir o desenvolvimento sustentável capaz de assegurar a equalização social. Tal objetivo constantemente proclamado como uma aspiração unânime está, pois, ao alcance de nossas mãos. Depende apenas de vontade política para sua efetivação.
Para saber mais sobre esse tema recomenda-se a leitura do último capítulo do livro O Lunar de Sepé: paixão, dilemas e perspectivas lançado neste ano de 2014 pela Editora Autores Associados, de Campinas.

Série de dez artigos publicados no Jornal “A Fonte”, de São Sepé (RS), entre 19 de julho e 27 de setembro de 2014.
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