As tramas golpistas que culminaram, em 1954, com o suicídio de Getúlio Vargas e, em 1964, com a derrubada do governo de João Goulart e a implantação de uma ditadura militar que perdurou por 21 anos, deixaram profundas feridas na sociedade brasileira, ainda hoje não cicatrizadas.

O fim desse longo período ditatorial foi fruto de uma heróica resistência de nosso povo, de trabalhadores, intelectuais progressistas, homens e mulheres e, em especial, de uma juventude sempre aguerrida e despojada.

Com a retomada da normalidade institucional, os setores democráticos e populares acumulam forças e elegem, pela primeira vez na história de nosso país, um operário e, na sequência, uma mulher, presidentes da República.

Esse novo ciclo de governos progressistas garantiu significativos avanços na implementação de políticas públicas e medidas sociais que foram responsáveis por melhorias nas condições de vida de expressivas parcelas da população que, durante todo o curso da história de nosso país, tinham sido submetidas ao abandono, à miséria e a todo tipo de preconceito. Busca-se, nesse período, malgrado a permanência de viés neoliberal na política macroeconômica, promover o crescimento econômico, com soberania e inclusão social.

Estreitaram-se os vínculos com os países da América Latina, fortalecendo a sua integração, ao tempo em que o Brasil adquire, de forma positiva, maior visibilidade no plano global, notadamente com a instituição do BRICS e o destacado papel que ali tem desempenhado.

Certamente erros foram cometidos e muito ainda há para ser realizado no sentido de se aprofundar a democratização do país e de se romper com as amarras do neoliberalismo ainda muito presente, e promover a retomada do crescimento econômico, em benefício de todo o povo, com valorização do trabalho.

Mais uma vez assistimos os setores mais reacionários, corruptos e descomprometidos com a nação brasileira, que jamais aceitaram a derrota nas urnas, se aventurarem numa trama golpista com o objetivo de romper com a normalidade constitucional, interromper o mais longo período de democracia de nossa história, impor o retrocesso nos direitos conquistados pelo povo trabalhador, recolocar o país de joelho diante do imperialismo estadunidense, destruir grandes empresas nacionais e entregar as nossas riquezas, notadamente o petróleo do pré-sal.

Trata-se, pois, de um golpe contra o Brasil, o povo e a democracia. Não há como calar, omitir-se diante de tamanha ameaça. É hora de lutar! É hora de resistir! Não cabem indefinições. Ou se defende a democracia e o mandato legítimo da Presidente Dilma, que obteve a maioria dos votos dos brasileiros, ou se coloca do lado do golpe odiento.

Este crime precisa ser barrado. Neste momento histórico é atual e urgente mais uma vez ocupar as ruas e clamar bem alto: “vem, vamos embora, que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.


*Benedito Bizerril é advogado, vice-presidente do PCdoB-CE e coordenador da Fundação Maurício Grabois, seção do Ceará.

Fonte: Portal Vermelho – CE