PCdoB celebrará centenário da Revolução Russa defendendo a democracia
As atividades de comemoração tanto dos 100 anos da Revolução Russa quanto dos 95 anos do PCdoB exigem grandes esforços de planejamento, que devem ser iniciados desde jáAs atividades de comemoração tanto dos 100 anos da Revolução Russa quanto dos 95 anos do PCdoB exigem grandes esforços de planejamento, que devem ser iniciados desde já Para comemorar estas datas históricas importantes, o PCdoB reafirmará seu papel em defesa da democracia, do pluralismo político e partidário. Junto a outras forças políticas defenderá uma reforma política que amplie a democracia, a participação do povo e assegure o direito de representação parlamentar das diferentes correntes políticas e ideológicas. Ao mesmo tempo, reafirmará o seu Programa Socialista como alternativo para o desenvolvimento do Brasil. E saudará a Revolução de Outubro.
Leia a nota na íntegra:
Comemorar os 100 anos da Revolução Russa e os 95 anos do PCdoB
Em 2017 o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) comemora 95 anos de existência quando, no mesmo ano, se enaltecem os 100 anos da Revolução Russa, que inaugurou a era do socialismo. Pela primeira vez os trabalhadores chegaram ao poder e iniciaram a abertura do caminho para uma nova sociedade. Os ecos daquele acontecimento percorreram quase todo o século 20, uma torrente de mudanças revolucionárias que chegou a vastas regiões da Terra. O PCdoB também é filho dessa epopeia revolucionária e expressou, nesses 95 anos, o ideal de uma nova sociedade socialista, intervindo, de diferentes formas, no processo histórico brasileiro, sempre erguendo as bandeiras da democracia, da soberania nacional e dos direitos dos trabalhadores e dos povos. Superando duras vicissitudes, os comunistas brasileiros marcaram as lutas populares no país, referenciados nos legados das experiências socialistas iniciadas na Rússia.
O surgimento do socialismo em 1917, portanto, fez com que no Brasil e no mundo o progresso social avançasse, assumindo formas variadas conforme o tempo e a região. Foi, sem dúvida, o acontecimento mais importante do século 20 ao traçar um fio vermelho que percorreu cerca de oito décadas da história mundial e alimentou a esperança de um futuro melhor, sem opressões, explorações e misérias. Destaca-se de seu legado à humanidade, o papel decisivo na derrota do nazi-fascimo. Há, evidentemente, muitos aspectos nessa história que precisam ser avaliados com rigor crítico, e deficiências que certamente serão amplificadas pela máquina midiática do capitalismo em sua reiterada diatribe anticomunista. Como se sabe, a memória histórica é um dos terrenos fundamentais nos quais se desenvolve a luta ideológica de classe.
Pode-se dizer que o PCdoB tem feito esse exame com critérios rigorosos. Desde a débâcle soviética, que criou uma situação bastante desfavorável para as forças socialistas e revolucionárias, temos realizado esforços de compreensão do sentido profundamente contrarrevolucionário dessa derrota e de suas consequências para a humanidade. Concluímos que o mais efetivo resultado da débâcle é a ofensiva, em toda a linha, do imperialismo – particularmente o estadunidense –, recrudescida desde a última década do século 20. Às portas do novo século, os ideólogos da “nova ordem mundial” advogaram o fim da história e a morte, a caducidade do marxismo e a impossibilidade de novas revoluções proletárias.
A contrarrevolução neoliberal triunfou, nessa quadra da história, sobre seus adversários históricos: os comunistas, os socialistas e demais forças progressistas. Um dos sinais mais evidentes desta derrota foi o rápido deslocamento à direita de boa parte dessas forças políticas, que abandonaram suas tradições, seus símbolos e programas, rejeitando em bloco a rica tradição do movimento comunista e revolucionário internacional. O PCdoB, pelo contrário, considera que a experiência soviética, apesar dos erros, cumpriu papel positivo na história, com rico legado à humanidade. Buscamos tirar lições e e lutamos por uma nova luta pelo socialismo, mais do que necessário diante do agravamento da crise do capitalismo.
O mundo entrou no século 21 mais desigual e mais injusto. Não tardou para que a globalização neoliberal, regida pelo rentismo, conhecesse crises cada vez maiores e de efeitos futuros incalculáveis. A atual política expansionista do capitalismo não podia abrir mão dos seus velhos métodos e receitas: lançar o ônus da crise sobre os ombros dos trabalhadores e dos povos e empreender provocações militares e guerras de conquista. Provocou, igualmente, um complexo processo de degeneração ideológica, com o crescimento de correntes de extrema-direita e de ideias fascistas, expressões de reacionarismo que estavam na defensiva desde a vitória soviética sobre o nazismo. Eis o cenário no qual o centenário da Revolução Russa será comemorado.
No Brasil, os efeitos da crise se traduzem numa ofensiva das forças conservadoras, agravada pelo golpe de Estado jurídico-parlamentar que destituiu a presidenta Dilma Rousseff. Inaugurou-se um novo ciclo político em que as classes dominantes desencadeiam um processo de desmonte da democracia, dos direitos sociais e da soberania nacional. Um período em que se busca desmoralizar e criminalizar a militância de esquerda, no qual a própria atuação institucional-parlamentar do PCdoB, conquistada em 1985, está ameaçada por uma reforma política antidemocrática.
O PCdoB comemorará seus 95 anos defendendo a democracia em nosso país, o pluralismo político e partidário, se opondo, em conjunto com outras forças progressistas, à tentativa dos conservadores de transformar o Congresso Nacional, e demais casas legislativas, em espaços reservados unicamente a algumas legendas, em sua maioria reacionárias. Defenderá uma reforma política que amplie a democracia, a participação do povo e assegure o direito de representação parlamentar das diferentes correntes políticas e ideológicas. Ao mesmo tempo, reafirmará o seu Programa Socialista como alternativo para o desenvolvimento do Brasil. E saudará, como já dito, a Revolução de Outubro.
O PCdoB conclama sua militância a se envolver na preparação das comemorações do centenário da Revolução Russa, enfrentando o discurso conservador e mesmo os equívocos de correntes anticomunistas de esquerda. No ano próximo, na cidade de São Paulo, o Comitê Central e a Fundação Maurício Grabois (FMG) promoverão um seminário tratando do legado e das lições da Revolução. Durante a realização do nosso 14º Congresso Nacional, previsto para novembro, serão realizadas novas homenagens. Ao longo do primeiro semestre a FMG lançará livros sobre o tema e a imprensa partidária deverá publicar artigos, notícias e ensaios.
No centro das atividades devem estar a denúncia do caráter anticivilizatório do capitalismo, a reafirmação do papel da Revolução e a atualidade da luta pelo socialismo. São atividades que devem ser realizadas por iniciativas do Partido ou em parcerias com organizações democráticas, populares e, especialmente, universidades. Devemos incentivar a realização de debates, seminários, exposições fotográficas, exibições de filmes e edição de publicações. Esse esforço, pela importância da data, não deve ficar restrito aos eventos nacionais.
Para a comemoração do aniversário do PCdoB haverá um ato nacional centralizado, mas todos os comitês partidários devem realizar atividades em todo o país, com a participação das forças do campo democrático. As atividades de comemoração tanto dos 100 anos da Revolução Russa quanto dos 95 anos do PCdoB exigem grandes esforços de planejamento, que devem ser iniciados desde já.