As previsões de “horóscopo falso” de Paulo Guedes
O Brasil está oficialmente saindo da recessão, afirmou hoje (13) o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao participar virtualmente do 39º Encontro Nacional do Comércio Exterior (Enaex). “Recebemos hoje a notícia de que o Brasil está oficialmente saindo da recessão”, disse Guedes.
Com isso, o presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, reafirmou o quanto Guedes tem se revelado um “verdadeiro falastrão”. “Todos os prenúncios de sua equipe econômica têm se revelado um fracasso”, disse o sindicalista citando diversas oportunidades em que o ministro fez previsões que não se concretizaram, indo no sentido oposto. O que não constrange o bolsonarista de continuar pregando ilusões.
Para ele, não dá pra confiar no horóscopo nublado e na bola de cristal embaçada de Paulo Guedes, que só enxerga um Brasil que não cabe nos sonhos “de quem tem dinheirinho”. Na fatídica reunião ministerial de 21 e abril, Guedes deixou claro esta perspectiva para minorias ricas.
Guedes diz que sua “hipótese de trabalho” é que as contaminações pelo novo coronavírus estão em queda e que a “vacina está chegando”. “O Brasil está conseguindo combater a doença. Isso é um fato que está acontecendo do lado da saúde. Do outro lado, da economia, é um fato que o Brasil está saindo da recessão”, enfatizou.
Para Araújo, não dá pra ambicionar a retomada do crescimento econômico e a criação de emprego, com um “programa econômico pífio”, o chamado Pró-Brasil. A ausência do ministro no anúncio do programa também mostram que ele não goza de autoridade moral e política para dar respostas à macroeconomia brasileira. “O cenário descrito para a imprensa por ele é composto de aberrações, pois ele é um ponto fora da curva que está obstinado em levar o país ao fundo do poço”, diz Araújo.
Patriotismo submisso
Guedes destacou ainda que os servidores públicos “aceitaram com patriotismo” o congelamento de salários neste ano e em 2021 como contribuição para o enfrentamento da pandemia. “Os salários estavam muito acima da média do setor privado, e o funcionalismo, com patriotismo, porque não houve grandes reclamações, aceitou essa contribuição de não pedir aumento durante este ano de pandemia e o ano que vem, quando estaremos ainda com o efeito devastador sobre as finanças públicas”, afirmou.
O líder sindical disse que, há um bloqueio da mídia ao contraditório ao governo e às políticas de restrição de direitos dos trabalhadores. Para ele, na disputa de narrativas, Bolsonaro empreendeu uma derrota ao campo democrático popular. “Precisamos admitir que ele ocupa as mídias e as redes sociais como ninguém”, lamentou. Isso contribui para a alienação dos trabalhadores, mesmo com toda a insatisfação com a situação do país.
Araújo ainda aponta que o país só não entrou em convulsão social pelo papel impulsionador da economia de commodities, pois somos “o país dos grãos”. “A relação contraditória com a China também impede que o país chegue mais rápido ao fundo do poço”, acrescenta. E sem o auxílio emergencial também retarda a revolta dos brasileiros.
Para Adilson Araújo, a retomada da economia depende de grandes investimentos de infraestrutura e crédito aos microempreendedores que não constam do programa bolsonarista. Para Guedes, o teto de gastos é uma “barreira contra a irresponsabilidade com as finanças públicas”. “É importante que lutemos para manter esse teto para mudar o eixo da economia brasileira que era baseada nos investimentos dirigidos pelo governo.”
Adilson lembrou que o PAC 1 de Lula somou 500 bilhões de reais em obras de infraestrutura, o PAC 2 de Dilma chegou a um trilhão de reais e o Pró-Brasil de Bolsonaro não passa de R$ 30 bilhões, caso haja arrecadação R$ 250 bilhões. “Isso é um fracasso da economia para o país, pois todo país em crise exige centralidade do poder econômico e do gerenciamento do estado para destinar atenção, sobretudo, àqueles que mais necessitam, como a pequena e média produção que sustenta quase 70% da ocupação no Brasil.”
Para o sindicalista, não há contradição entre Bolsonaro e Guedes, que ele considera “farinha do mesmo saco”. A imprensa faz parecer que há um conflito de interesses em que Guedes defende o teto de gastos, enquanto Bolsonaro quer gastar para garantir a reeleição. Para Araújo, tudo não passa de provocação para ocupar a mídia com falsas polêmicas. “Nada disso está dissociado de uma engenharia para testar a opinião pública e a difusão da imprensa”, ponderou.