Para o presidente da Fundação Maurício Grabois, Renato Rabelo – que presidiu o PCdoB entre os anos de 2001 e 2015 – este Congresso se realiza em uma quadra política na qual a principal tarefa para os comunistas é derrotar as forças de ultra-direita, autoritárias, de viés fascista, que tomaram conta do comando da nação. “É nossa tarefa de primeira ordem reunir um amplo espectro de forças políticas democráticas em torno de um objetivo comum: derrotar Bolsonaro e criar as condições para iniciar um programa de reconstrução nacional, com bases democráticas, que permita a implantação de um novo projeto de desenvolvimento para o país”, afirma Rabelo.
 
Outro aspecto ressaltado pelo presidente da FMG é que o Congresso oficializa o início das comemorações do centenário do PCdoB. “É algo que precisamos reforçar muito. Não é pouca coisa um partido como o nosso, que tem ao longo de sua história sofrido os mais variados ataques (passamos pela ilegalidade, fomos perseguidos, muitos de nossos companheiros perderam suas vidas na luta política), chegar vigoroso e unido aos 100 anos. Principalmente na atual conjuntura, que voltamos a ser alvo prioritário da extrema-direita. O Bolsonaro e os bolsonaristas elegeram como principal inimigo os comunistas. Suas políticas autoritárias e de restrições democráticas são justificadas internamente e internacionalmente como medidas para derrotar os comunistas no Brasil. Mas nós resistimos e resistiremos. E chegamos ao 15º Congresso embalados por uma importante vitória política para a democracia e para o nosso partido que foi a aprovação das Federações partidárias. É nesse ambiente que celebraremos nossos 100 anos, com orgulho, resiliência e reafirmação do nosso compromisso com o povo e com o país”.
 
Mobilização virtual
 
O processo de debate do 15º Congresso se realizou quase que integralmente de forma remota, o que trouxe novos desafios para a mobilização da militância em todo o país. Mesmo com as dificuldades desse novo formato, o PCdoB conseguiu reunir mais de 33 mil pessoas em todos os estados da federação, durante quatro meses de debate.
 
“Foi muito positiva a resposta da militância do partido à mobilização congressual. Houve um amplo processo de discussão do Projeto de Resolução e da proposta de Plataforma Emergencial apresentada para o debate. E isso não é pouca coisa, diante das atuais condições, nas quais a maioria do povo encontra dificuldades de acesso à internet, do acúmulo de funções trazidos pela pandemia”, destacou Rabelo.
 
O secretário nacional de Organização do PCdoB, Fábio Tokarski, também avalia positivamente o processo de mobilização, feito majoritariamente de maneira virtual, apesar das dificuldades impostas pela conjuntura política nacional e pela Covid-19. “Essa situação de pandemia nos forçou a enfrentar uma realidade nova e, apesar dessas dificuldades, nos apropriamos das potencialidades que esse tipo de debate tem hoje. Inclusive, caminhamos para realizar o nosso congresso nacional, reunindo cerca de 800 pessoas de todas as unidades da federação de forma virtual. Então, o debate não foi inviabilizado; pelo contrário, em muitos aspectos foi potencializado e qualificado”.
 
Para driblar os problemas impostos pela pandemia e garantir ampla participação, a direção nacional disponibilizou programas de videoconferência para as direções locais. “Progressivamente, a militância foi aprendendo e utilizando essas ferramentas. Tem um aspecto positivo porque acelerou o processo de debates, com abordagens aprofundadas sobre as questões internacionais, a luta sindical, a luta em defesa da saúde, entre outras e, sobretudo, a respeito da necessidade da revitalização partidária”, disse Fábio.
 
Na avaliação de Márcio Cabreira, secretário-adjunto de Organização, o processo do 15º Congresso foi “absolutamente positivo, especialmente frente à conjuntura política que estamos vivendo, e foi coroado com a vitória das federações. Seguramente, o PCdoB sairá do Congresso muito maior do que na fase da preparação”.
 
Envolvimento da militância
 
Fábio Tokarski relata que foram mobilizadas 33.267 pessoas em todos os estados, no processo de debates iniciado em julho, sobre o projeto de resolução e sobre as diretrizes da plataforma que o partido apresenta para tirar o país da crise. “No projeto de resolução, o centro é o debate do como fazer uma frente ampla, mas também de como unir o povo em defesa da vida, da democracia. Ao longo do processo, fomos envolvendo a militância, primeiro nas bases, nos comitês municipais — nos meses de julho e agosto — com reuniões, plenárias e debates abertos e internos com a militância e também com amigos e vários setores da sociedade”, explicou o dirigente.
 
Além destes, foram realizados eventos setoriais, como nas áreas da saúde, juventude, mulheres, luta antirracista, trabalhadores, entre outras. “E cada comitê estadual realizou também debates temáticos com lideranças nacionais, discutindo desde a situação do país, a perspectiva da luta pela democracia, até a questão do fortalecimento do partido. Esse debate foi ganhando corpo. Houve reuniões presenciais em determinados municípios, por exemplo, do Maranhão, Acre, Pará e Paraíba. E, por fim, foram realizadas as conferências estaduais durante o mês de setembro até o dia 3 de outubro. Portanto, conseguimos mobilizar militantes no país inteiro, alcançando este número mesmo num período de pandemia”.
 
Contexto adverso
 
O secretário de Organização ressaltou que o ambiente político geral, marcado por forte atuação da extrema-direita bolsonarista tanto no mundo virtual quanto real, também influenciou o processo de mobilização. “Há um ambiente de medo, de pressão, de perseguição e de agressão contra a esquerda. Mas a nossa militância vem de longa data e é experiente. Muitos quadros dirigentes lutaram contra o regime militar. Muitos dirigentes têm essa vivência de enfrentar, de não se curvar diante de ameaças”, colocou Fábio Tokarski.
 
Ele recordou que nos meses de março a junho, a Fundação Maurício Grabois fez uma programação de 19 seminários nacionais, preparando o debate congressual, e em um deles houve uma invasão de militantes de extrema-direita. “Então, esse ambiente de insegurança que paira no país também agride o direito democrático de mobilização e junta-se a isso outra dificuldade que é a questão da crise sanitária, uma situação de medo. Não incentivamos reuniões presenciais — que éramos acostumados, há anos, a realizar — exatamente para proteger a vida”.
 
Da redação com informações do PCdoB.org