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Renato Rabelo e as realizações da Fundação Maurício Grabois

11 de maio de 2023

Histórico de realizações de Renato Rabelo na presidência da Fundação Mauricio Grabois

Por Osvaldo Bertolino

Ao apresentar a renúncia à Presidência da Fundação Maurício Grabois ao Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) para cuidar da saúde, Renato Rabelo enalteceu os êxitos conseguidos pela entidade. A complexidade da situação do país exige um ritmo de atividades com mais planificação, afirmou. Sua atuação histórica como ideólogo e construtor do Partido foi amplamente elogiada na reunião do Comitê Central, realizada entre os dias 5 e 7 de maio. 

Renato informou que havia comunicado a decisão à presidenta do PCdoB, Luciana Santos, e pediu ao Comitê Central o seu afastamento e indicação de um substituto. O nome indicado foi o de Adalberto Monteiro, ex-presidente da Fundação, num processo de recomposição da direção até o término do mandato, em março de 2024. “Pensei muito e aquilatei que deveria assumir a Presidência da Fundação outro ou outra camarada. Temos que fortalecer a Fundação Maurício Grabois na situação atual”, afirmou.

Segundo ele, o Partido deve buscar uma forma de, no tempo menor possível, fazer prevalecer a força das instituições partidárias. “Diante desse quadro, meditando cheguei à conclusão de que deveria me afastar da Presidência da Fundação para resolver essa situação. Considerei que o caminho mais justo seria eu renunciar.”

Luciana avaliou que a decisão foi acertada, necessária para criar melhores condições aos seus cuidados com a saúde e assim prosseguir com suas contribuições ao Partido e às lutas do povo. Lembrou que Renato, à frente da Fundação por sete anos, cumpriu “uma agenda rica de realizações nesta área relevante de ação e construção de nosso Partido”. “Foi um período de grandes exigências de elaboração teórica, política, histórica, aguda luta política e de ideias, num contexto de um mundo envolto em múltiplas crises e mudanças, com o Brasil sob grandes ameaças e retrocessos.”

Segundo ela, a presença de Renato à frente da Fundação, com sua elevada estatura política, “resultou em aportes e iniciativas relevantes à nossa legenda para atravessar esse mar revolto”. Oportunamente, a Fundação sistematizará o trabalho e o rico legado de Renato na Fundação, informou. “Neste momento, nossas palavras são de agradecimento a Renato pelo grande trabalho realizado. Temos certeza de que em breve ele, tendo recuperado a saúde, seguirá nos oferecendo mais e mais contribuições.”

Histórico de realizações

Renato assumiu a Presidência da Fundação em 1º de abril de 2016. À época, em declaração ao Portal Grabois, ele apontou como principal desafio o desenvolvimento da teoria revolucionária, “procurando construir uma alternativa consequente e viável para o tempo em que vivemos”. “A Fundação Maurício Grabois atingiu um patamar elevado na sua contribuição para as ideias progressistas, avançadas, baseadas em autores revolucionários, não só da época de Marx e Lênin.”

Para ele, a Fundação é um posto privilegiado para a luta de ideias. Recebeu intelectuais, participou de debates e dedicou-se à questão teórica. A luta pelo socialismo estava sempre presente em suas análises. Assim como os problemas da conjuntura. Ao analisar o centenário da Revolução Russa no “Salão do livro político”, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em junho de 2017, por exemplo, contextualizou o golpe contra a ex-presidenta da República, Dilma Rousseff, em 2016, como resultado da união da classe dominante, vinculada aos interesses do grande capital internacional, para restaurar a ordem neoliberal.

Ele vinha articulando com os presidentes das demais fundações dos partidos de esquerda formas de resistência. O resultado foi um manifesto, intitulado Unidade para reconstruir o Brasil, lançado dia 20 de fevereiro de 2017 num ato político no plenário da Câmara dos Deputados. Foram oito meses de diálogos até a conclusão do documento. Tratava-se de um trabalho coletivo, uma convergência mínima para se encontrar o fio condutor de um amplo diálogo, explicou Renato.

Renato participou de atos de lançamento do manifesto em diferentes regiões do país. A Fundação organizou seminários, debates e publicação de livros com a ideia da resistência democrática. Também dedicava grande atenção à unidade da esquerda como caminho para enfrentar e derrotar o golpismo. Após a vitória de Jair Bolsonaro em 2018, participou, com os demais presidentes das fundações dos partidos que apoiaram Fernando Haddad (PT) e Manuela d’Ávila (PCdoB), de uma reunião em Brasília para avaliar o resultado das eleições. Decidiram que, diante da ameaça à democracia, a resistência teria de ser imediata e contundente.

As conversações evoluíram para a ideia de um projeto de oposição, iniciativa que abrangia o Congresso Nacional, por onde passariam propostas bolsonaristas para tentar desfigurar o Estado Democrático de Direito e os direitos sociais. Renato enalteceu o trabalho das fundações no período pré-eleitoral e avaliou a situação política no país como “adversa e perigosa”. Mais do que nunca, era importante o trabalho das fundações para subsidiar seus respectivos partidos e uma frente democrática que deveria surgir como caminho para a resistência.

Numa reunião das fundações em 10 de dezembro de 2018, Marcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo (PT), apresentou a proposta de criação do Observatório da democracia, com o “objetivo de organizar e implementar um modelo estratégico de acompanhamento governamental e sobre mudanças na legislação, restrição a direitos e encerramento de políticas públicas”.

O Observatório da democracia foi lançado na noite de 1º de fevereiro de 2019, num ato político no centro de eventos e convenções Brasil 21, em Brasília. Durante o dia, uma oficina das fundações debateu a conjuntura que emergia com o novo governo. Renato disse que o grande desafio era entender o bolsonarismo e o que fazer politicamente. “É uma derrota significativa porque foi para a uma nova direita, extremada, que pela primeira vez ganhou uma eleição direta no Brasil”, afirmou.

Ele situou o resultado das eleições na tendência do capitalismo de uma nova divisão – a parte que expressa o liberalismo clássico e a nova vertente da classe dominante que, para garantir o liberalismo, recorre ao autoritarismo. “O capítulo Bolsonaro entra nessa vertente, que não podemos ver apenas como um caso brasileiro. Temos que examinar o conjunto.”

No ato político de lançamento do Observatório da democracia, com as presenças de lideranças políticas – entre elas as presidentas do PCdoB e do PT, Luciana Santos e Gleisi Hoffmann –, Renato caracterizou como fato inédito a união de seis fundações de partidos diferentes para definir a importante tarefa de fazer um acompanhamento investigativo das ações do governo Bolsonaro. “É importante que a gente tenha elementos para que as fundações possam ajudar os partidos na análise e atuações políticas.”

Renato coordenou também o que chamou de “jornada de colóquios”, organizada pela Fundação Maurício Grabois, com uma pauta ampla, debatida por um variado conjunto de especialistas. Numa oficina organizada pelo Observatório da democracia e o Comitê nacional em defesa das empresas públicas, intitulada O papel do Estado e das empresas públicas, realizada em Brasília dia 29 de maio de 2019, ele disse que as fundações buscavam o diálogo com a sociedade para “incorporar os anseios, bandeiras, as questões, digamos assim, tão candentes para o povo”.

Ele analisou também os efeitos da incorporação do Partido Pátria Livre (PPL) ao PCdoB, que tinha que se dar nos planos organizativo, político e do pensamento programático, este materializado com a cátedra Cláudio Campos, coordenada por Rosanita Campos – dirigente do PCdoB que veio do PPL –, que passou a integrar a direção da Fundação. Assumiu sua titularidade o economista Nilson Araújo de Souza, igualmente originário do PPL, membro da direção do Partido e da Fundação.

Renato também coordenou o processo de transformação da histórica revista Princípios em publicação científica, idealizado pelos dirigentes da Fundação e do PCdoB Fábio Palacio e Júlio Vellozo. Segundo ele, com o novo projeto editorial Princípios buscava se qualificar em tempos de novas e mais complexas exigências na esfera da luta ideológica. “Em sua nova fase a revista, sem deixar de dialogar com o mundo político, será um veículo para dialogar mais intensamente com a intelectualidade científica, acadêmica e cultural.”

Com a pandemia da Covid-19, as atividades da Fundação foram reduzidas, mas Renato participou, de forma virtual, de debates, seminários e reuniões, num momento em que o bolsonarismo recrudescia o golpismo. Uma dessas atividades ocorreu em 12 de maio de 2021: o lançamento do livro Pensamento nacional-desenvolvimentista, da cátedra Cláudio Campos, uma coletânea de artigos, com prefácio de Renato.

O livro preencheu uma lacuna, como referência sobre o ideário nacional desenvolvimentista, avaliou Renato. Observou que mesmo as forças progressistas e defensores de um projeto de desenvolvimento pouco exploram e refletem sobre o tema. “A pandemia expôs ainda mais os danos que a lógica financista dos governos neoliberais e o status neocolonial na divisão internacional do trabalho atinge os interesses da população, particularmente impedindo qualquer possibilidade de desenvolvimento nacional”, afirmou.

Em 7 de julho de 2021, houve o lançamento de outro livro pela Fundação e a editora Anita Garibaldi, intitulado Economia política da grande crise capitalista (2007-2017) – ascensão e ocaso do neoliberalismo. O autor, Aloisio Sérgio Barroso, também diretor da Fundação e membro do Comitê Central do PCdoB, recebeu para um debate virtual os professores Luiz Gonzaga Belluzo, João Quartim de Moraes, José Carlos Braga e Renato. Ana Maria Prestes, socióloga e igualmente dirigente da Fundação e do PCdoB, mediou o debate. Para Renato, o livro é uma referência prioritária de estudo sobre um dos temas fundamentais da linha de pesquisa na Fundação. “É uma grande contribuição que recebemos.”

No XV Congresso do PCdoB, realizado em outubro de 2021, Renato apresentou um balanço das atividades da Fundação Maurício Grabois, que passava dos treze anos “disseminado ideias e formando quadros e a militância”. “Empreendeu um espaço de confluência do pensamento marxista, revolucionário e progressista. Tem se dedicado às questões-chave no enfrentamento da luta de ideias na atualidade do nosso período histórico. Na sua origem, nosso camarada Adalberto Monteiro teve um papel protagonista.”

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