Logo Grabois Logo Grabois

Leia a última edição Logo Grabois

Inscreva-se para receber nossa Newsletter

    Clube de Leitura

    Prêmio APCA: Cida Pedrosa e o voo das araras vermelhas do Araguaia

    Por: Osvaldo Bertolino

    Por Osvaldo Bertolino

    Um poema contra qualquer regime ditatorial. Com essas palavras, Cida Pedrosa definiu seu livro Araras vermelhas, publicado pela Companhia das Letras, com o qual ganhou o conceituado Prêmio Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) na categoria literatura-poesia, entregue na noite de 17 de julho de 2023 numa cerimônia realizada no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. O jornalista Osvaldo Bertolino representou a Fundação Maurício Grabois no evento.

    O ator Osmar Prado, Cida Pedrosa e Osvaldo Bertolino

    O livro é um longo poema que conta a história dos guerrilheiros e guerrilheiras do Araguaia, assassinados pelo regime ditatorial de 1964, detalhou. Emocionada, citou suas origens em Bodocó, Pernambuco, seus pais e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) – do qual é filiada e vereadora em Recife – como inspiração para a sua arte. Além de poeta e vereadora, Cida Pedrosa é advogada – popular, faz questão de ressaltar –, ex-secretária da Mulher e do Meio Ambiente do Recife e vencedora do Prêmio Jabuti com Solo para vialejo, outro de seus livros.

    https://www.youtube.com/watch?v=haPOyTqvjwM

    O prêmio de Cida Pedrosa premia a arte e o compromisso com os princípios da justiça, dos direitos humanos. Sua vida entregue às causas do povo desde os primeiros escritos no início dos anos 1980, passando pelos cursos de Direito e Ciências Políticas, deu-lhe consciência política e múltipla militância social, entre elas à dedicação às letras. Suas obras são um manifesto humanista, escrito com a perícia de uma artesã das palavras.

    O livro Araras vermelhas traz essa síntese, agora enriquecido com o Prêmio APCA. Tem ainda o mérito de revolver um episódio marcante da história do povo brasileiro, a Guerrilha do Araguaia, organizada pelo PCdoB no combate à ditadura militar, apontando as causas e os responsáveis pelas tempestades do mundo. Cida Pedrosa proclamou essa missão ao declarar no palco do Teatro Sérgio Cardoso que o livro foi escrito em 2022, sob a égide de um governo autoritário e golpista, referindo-se ao obscurantismo bolsonarista.

    Assim como Cida Pedrosa, muitos artistas registraram o repúdio ao período do bolsonarismo, manifestando alívio por sua derrota nas eleições de 2022. Um alerta, na verdade, sobre a luta histórica contra a barbárie. “A cultura salva. A cultura transforma”, resumiu Cida Pedrosa, constatação que remete a Maurício Grabois que, ao denunciar, em 1947, ameaças ao também deputado e pernambucano Gregório Bezerra pelo chefe de polícia política de Pernambuco, Alarico Bezerra, comparou-o ao chefe nazista Hermann Göring, que dizia: “Quando ouço falar em cultura, ponho a mão no revólver.”     

    Lançamentos da semana
    • Tempos Ásperos, de Vargas Llosa: lições para o presente de um passado de golpes
      RESENHA
    • Temporalidade da Riqueza: a atualidade de José Carlos Braga 25 anos depois
      RESENHA
    • Pobre de Direita: Jessé de Souza e a vingança dos desprezados
      RESENHA
    • Livro discute feminismo burguês e a emancipação da mulher; leia a resenha
      RESENHA
    • Clube de Leitura: Resenha do livro “Cachorros” de Marcelo Godoy
      RESENHA
    • Clube de Leitura: O marxismo no mercado editorial brasileiro em 2024
      RESENHA
    • Clube de Leitura: resenha de Domínio das Mentes, novo livro de Aldo Arantes
      RESENHA
    • Clube de Leitura: chega no Brasil a íntegra dos Cadernos do Cárcere, de Gramsci
      RESENHA