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UNE 86 anos: conheça as mulheres que lideraram o movimento estudantil brasileiro

11 de agosto de 2023

10 mulheres presidiram a União Nacional dos Estudantes em seus 86 anos de história

A União Nacional dos Estudantes (UNE) completa 86 anos de vida neste dia 11 de agosto. Muito já foi dito sobre a história da principal entidade do movimento estudantil brasileiro, mas um fato que ainda merece maior registro é o papel central das mulheres na UNE.

Em seus 86 anos de história, 10 mulheres passaram pela presidência da entidade. Foram três pernambucanas, duas baianas, duas gaúchas, uma amazonense, uma mineira e uma paulista. Atualmente, a UNE é presidida pela estudante pernambucana Manuella Mirella.

Para relembrar essa história, o Portal da Fundação Mauricio Grabois relembra todas as estudantes que já passaram pela presidência da UNE. Confira:

Clara Araújo (1982-1983)

A baiana Clara Maria de Oliveira Araújo nasceu em 5 de junho de 1958 em Teofilândia. Militou no movimento estudantil baiano e, no ano de 1981, ingressou no PCdoB, então na ilegalidade. Atuou como delegada no 33º Congresso da UNE e foi eleita representante do Departamento Feminino. Em 1982, no 34º Congresso da UNE, em Piracicaba, foi eleita a primeira presidente mulher da entidade.

Após a militância, Clara atuou também no movimento feminista, sendo eleita para presidência da União Brasileira de Mulheres (UBM). Em 1991 elegeu-se para a direção regional do PCdoB. Doutorou-se em sociologia pela UERJ em 1999. Atualmente, Clara é uma das maiores especialistas em estudos de gênero na literatura internacional.

Gisela Mendonça (1986-1987)

Gisela Mendonça, segunda mulher a chegar à presidência da UNE, nasceu em Belo Horizonte (MG), em abril de 1962. Entrou para a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora em 1980 e, dois anos depois, assumiu a presidência do diretório acadêmico da faculdade.

Em 1983, foi eleita para a diretoria da área de biomédicas da UNE e, em 1985, Gisela assumiu a vice-presidência da União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais. Em 1986, foi empossada presidente da UNE.

Formou-se em Comunicação Social pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), em 1993, seguindo a carreira de jornalista.

Patrícia de Angelis (1991-1992)

Patrícia de Angelis nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no dia 18 de julho de 1968. Cursou os estudos secundários no Colégio Bom Conselho, onde começou a militar politicamente. Em 1984, ano da campanha das Diretas Já, participava do grêmio da escola. Nesse mesmo ano, foi delegada no Congresso da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), em Belo Horizonte.

Em 1986, ingressou no curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e, dois anos depois, foi eleita presidente do DCE. A partir daí, começou a participar de todas as atividades do movimento estudantil universitário, acabando por encabeçar uma chapa para direção da UNE. Foi eleita presidente da entidade no Congresso de 1989, na Unicamp.

Lúcia Stumpf (2007-2009)

Lúcia Kluck Stumpf nasceu em Porto Alegre em 1981. Era estudante da FIAM/FAAM e filiada ao PCdoB quando foi eleita presidenta da UNE no 50º Congresso da entidade, realizado em 2007, em Brasília (DF). Antes de chegar à presidência, Lúcia foi Vice-presidenta regional da UNE no Rio Grande do Sul (2001/2003), diretora de Comunicação (2003/2005), Relações Internacionais(2005/2007) e Movimentos Sociais (2005/2007). Durante seu mandato realizou a ”Caravana da Saúde”, uma parceria com o Ministério da Saúde, que teve por objetivo disseminar informações entre os jovens e promover discussões sobre temas que envolviam a saúde e o desenvolvimento da juventude.

Virgínia Barros (2013-2015)

Virgínia Barros, mais conhecida como “Vic”, nasceu em 1986, em Garanhuns, no interior de Pernambuco. Concluiu seus estudos de graduação na Faculdade de Direito do Recife (UFPE), a mais antiga do Brasil, onde iniciou sua trajetória no movimento estudantil como integrante do Diretório Acadêmico Demócrito de Souza Filho (DADSF), uma das entidades fundadoras da UNE.

Em 2013, foi eleita a quinta mulher a presidir a União Nacional dos Estudantes no 53º Congresso da UNE, realizado entre os dias 29 de Maio e 2 de Junho, em Goiânia (GO), sucedendo o carioca Daniel Iliescu.

Em seu mandato, os estudantes conquistaram no Congresso Nacional a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) com a destinação de 10% do PIB para o setor, o investimento de 50% do Fundo Social do Pré-sal e dos royalties do petróleo para a educação, além do Estatuto da Juventude e da lei que nacionalizou o direito à meia-entrada em eventos culturais e esportivos. Também concluiu os trabalhos da Comissão da Verdade da UNE, que organizou uma revista sobre a história do movimento estudantil no período da ditadura militar.

Carina Vitral (2015-2017)

Carina Vitral nasceu em 1988 em Santos, no litoral de São Paulo. É economista pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e atua como assessora no Ministério da Fazenda do governo Lula.

Começou a militância política na adolescência, participando das atividades da sua escola em Santos. Foi diretora do Centro dos Estudantes de Santos (CES) no período do cursinho pré-vestibular e estudou na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) antes de se transferir para a PUC-SP.

Foi diretora da UNE e presidenta da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP). Foi eleita presidenta da UNE no 54º Congresso, em Goiânia (GO), em junho de 2015. Comandou durante seu mandato a resistência contra o golpe e a defesa da democracia em manifestações realizadas pelos estudantes em todo país.

Moara Correa Saboia (2016)

Moara Correa Saboia nasceu em 1990 em Recife (PE), mas foi criada em Contagem (MG). Começou o envolvimento no movimento estudantil durante o 4º Encontro de Mulheres Estudantes da UNE em Salvador. Pouco tempo depois já era Secretária geral da UEE de Minas Gerais e depois a UNE. Por meio do Enem, ela mudou da PUC para Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde é cotista do 7º período de Engenharia Civil.

Em razão dos compromissos eleitorais da presidenta da UNE, Carina Vitral, que foi candidata à prefeita de Santos (SP), assumiu a presidência temporária da entidade. Pela primeira vez, em 79 anos desde a sua fundação, a União Nacional dos Estudantes teve à frente uma mulher negra. Antes dela, outra mulher negra chegou à vice-presidência, a estudante de Letras da USP, Helenira Rezende, assumiu esse cargo em 1968.

Marianna Dias (2017-2019)

Marianna Dias nasceu em 1991, no bairro do Cabula, periferia de Salvador. É pedagoga pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e começou a militância ainda na adolescência.

Eleita com 79% dos votos no último Congresso realizado em julho de 2017, Marianna é a terceira mulher na sequência a presidir a entidade.

Construiu a UNE Volante e segue na luta em defesa da democracia e contra os retrocessos na educação.

Bruna Brelaz (2021-2023)

Bruna Chaves Brelaz nasceu em Manaus, em 1995. Foi estudante do Instituto de Educação do Amazonas (IEA). Ingressou no curso de Pedagogia na Universidade do Estado do Amazonas (UEA) através do sistema de cotas em 2013, onde fortaleceu a atuação no movimento estudantil. Em seguida, fez Direito da Faculdade Autônoma de Direito de São Paulo. Além disso, foi eleita diretora do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade do estado do Amazonas e presidente da União Estadual dos Estudantes do Amazonas (UEE-AM). Foi a primeira mulher negra a presidir a UNE.

Manuella Mirella (Atual gestão)

Manuella Mirella Nunes da Silva nasceu em Olinda, em 1996. Conhecida como Manu Mirella, é uma estudante de Engenharia Ambiental da Faculdade Metropolitanas Unidas (FMU) em São Paulo. Formada em Química pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Manu Mirella foi presidenta da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP). É a segunda mulher negra a presidir a entidade, sendo a primeira mulher negra e nordestina presidente da UNE.

Com informações da UNE

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