Seminário da FMG tem início com debate sobre guerra cultural e luta de ideias
Primeira mesa do evento contou com João Brant, Renata Mielli e Letícia Cesarino. A abertura foi feita por Adalberto Monteiro e Luciana Santos.
Teve início na manhã desta sexta-feira (01/12) o seminário “Primeiro ano do governo Lula: Balanço da reconstrução nacional e perspectivas”.
A abertura do evento contou com a presença da presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, e do presidente da Fundação Mauricio Grabois, Adalberto Monteiro.
Adalberto Monteiro: Governo sofre pressão neoliberal e subestima luta de ideias
Em sua fala de abertura, Adalberto Monteiro registrou os limites que contingenciam o governo Lula 3: “A correlação de forças no âmbito do Congresso atua como uma espécie de redutor do que o governo quer e precisa realizar”.
O presidente da FMG avaliou que a pressão para que o governo federal assuma um projeto neoliberal é grande. “Uma parte do governo e também de sua base parlamentar, mais o status quo que representa os grandes monopólios financeiros e econômicos, mais o imperialismo, contando com o poder de difusão da grande mídia, pressionam o governo a manter o país sob o fracassado modelo neoliberal. Se essa lógica se instaura, o país ficaria condenado a ter um crescimento quando muito medíocre, aquém de suas necessidades e potencialidades”.
Adalberto também criticou o posicionamento do ministério da Fazenda. “A nosso ver, o ministro Fernando Haddad cedeu em demasia ao defender o déficit zero”.
Mas o problema não é só econômico. Para Adalberto Monteiro, há uma dificuldade do governo em compreender a luta de ideias. “Parece persistir no terceiro governo Lula uma debilidade presente nos ciclos progressistas anteriores, quando se avalia que houve uma subestimação da luta de ideias e da tarefa de buscar construir na sociedade a hegemonia dos valores progressistas”, sustentou o presidente da FMG.
Luciana Santos: CTI para um desenvolvimento com sustentabilidade e inclusão social
A conferência de abertura da presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, teve como ênfase a questão da ciência e tecnologia. Luciana apresentou as bases de sua gestão no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.
De acordo com a ministra, “a cada dia que passa tem ficado cada vez mais claro que ciência, tecnologia e inovação são pilares do desenvolvimento do país”.
Luciana frisou a importância da sustentabilidade no centro dessa agenda de desenvolvimento. “Nós temos a convicção de que a reconstrução do Brasil passa por uma nova industrialização, contemporânea que se preocupa com sustentabilidade, com a inovação tecnológica, inclusão social e investimentos em setores estratégicos”, argumentou Luciana.
Combate à guerra cultural, luta de ideias, disseminação das ideias progressistas
A primeira mesa do seminário teve como tema “Combate à guerra cultural, luta de ideias, disseminação das ideias progressistas”. Com coordenação do ex-deputado Constituinte, Aldo Arantes, a mesa teve como debatedores o representante da Secretaria de Comunicação Social do governo federal, João Brant, a coordenadora do Comitê Gestor da Internet (CGI), Renata Mielli, e a professora da Universidade Federal de Santa Catarina, Letícia Cesarino.
Aldo Arantes: esquerda precisa investir em meios de comunicação
O coordenador da mesa, Aldo Arantes, iniciou o debate com uma dura crítica ao governo. “A esquerda não compreendeu a importância da luta ideológica. Nós somos marxistas, Gramsci já destacava lá atrás que nas condições do desenvolvimento do capitalismo a luta de ideias precede e contribui para a vitória da luta política”.
Arantes defende que a esquerda construa uma nova comunicação. “É necessário que as forças progressistas se articulem para construir um meio de comunicação, um jornal, uma televisão. Isso é indispensável”.
João Brant: regulamentação das plataformas é fundamental
João Brant concordou com Arantes. “A gente nuca comprou estratégias mais longevas, a gente aceita a conveniência de operar como sempre operou”. Apesar dessas dificuldades, Brant listou importantes experiências como Brasil 247, Revista Forum e DCM.
Brant destacou o papel do deputado federal Orlando Silva (PCdoB) na luta pela regulamentação das plataformas.
Renata Mielli: vivemos sob nova forma de acumulação do capital
Já a coordenadora do CGI, Renata Mielli, demonstrou como a comunicação no século XXI precisa ser compreendida dentro do novo contexto da economia global. “A partir de 2008, nós passamos a viver uma mudança nos paradigmas de acumulação do capital. A crise do capitalismo desenvolveu um novo modo de acumulação baseado na economia de dados e na plataformização dos processos produtivos”, explicou Mielli.
Mas o que fazer diante dessa situação? Mielli sugere que uma mudança só será possível se houver uma mudança da forma como os partidos políticos e a sociedade civil compreendem as redes sociais. “Precisamos criar outros mecanismos de comunicação com o povo”, defendeu Mielli, que é também Secretária Nacional de Comunicação do PCdoB.
Letícia Cesarino: a esquerda está aprendendo
Já a professora da Universidade Federal de Santa Catarina, Letícia Cesarino, trouxe um tom mais otimista para o debate. “Houve ao longo dos últimos quatros anos uma curva de aprendizado gigantesca por parte da esquerda”, entende Cesarino.
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