GT Mundo do Trabalho debate transformações na organização da classe trabalhadora
Evento promovido pela Fundação Maurício Grabois trouxe o debate sobre o trabalho no campo, na indústria e na informalidade, com palestras de Vânia Marques, Euzébio Jorge e Flora Lassance
Na manhã deste sábado, 16 de dezembro, o presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro, proferiu um discurso na abertura da reunião ampliada do Grupo de Trabalho (GT) Mundo do Trabalho. O evento, fruto de uma parceria entre a Secretaria Sindical do PCdoB e a Fundação Maurício Grabois, contou com a condução de Carlos Rogério de Carvalho Nunes e apresentou uma pauta densa e relevante para a discussão sobre os desafios enfrentados pela classe trabalhadora.
Monteiro destacou a importância do GT Mundo do Trabalho e saudou os participantes, incluindo Vânia Marques, diretora da Contag (Confederação de Trabalhadores da Agricultura Familiar), Eusébio Jorge, jovem pesquisador, e a metalúrgica Flora Lassance, que abordaram questões relacionadas aos impactos das mudanças no mundo do trabalho. Adalberto ressaltou seu entusiasmo pela Contag, reconhecendo-a como uma entidade de passado, presente e futuro na luta da classe trabalhadora rural.
O discurso também abordou a conjuntura internacional, destacando a instabilidade provocada pelo capitalismo, as crises ambientais e as guerras. Ele começou destacando que o capitalismo ainda não se recuperou da grande crise de 2007-2008. Ele ressaltou que a economia mundial vive um período de crescimento medíocre, com projeções de crescimento abaixo de 3% para o próximo ano. Além disso, o presidente enfatizou que o capitalismo impulsionou o mundo a diversas crises, incluindo a econômica, a crise ambiental climática e conflitos internacionais, como o conflito palestino-israelense e a chamada guerra da Ucrânia.
Leia a cobertura da reunião ampliada do GT Mundo do Trabalho:
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O massacre do povo palestino foi citado como um símbolo da resistência do imperialismo estadunidense. “O hediondo massacre do povo palestino simboliza a convicção de que os EUA não aceita pacificamente perder a sua hegemonia.” Ele interpretou o Estado de Israel como um “imenso porta-aviões” no Oriente Médio a serviço dos interesses dos EUA na região. Além disso, Monteiro argumentou que a guerra na Ucrânia foi maquinada pela OTAN para confrontar a Rússia e, indiretamente, atingir a China socialista.
O dirigente enfatizou que o capitalismo se move por paradoxos, mencionando a chamada quarta revolução técnico-científica, ou indústria 4.0, e sua impacto na produção e no setor de serviços no Brasil. Ele destacou que, apesar da crise, o capitalismo busca se reinventar por meio de avanços tecnológicos, impactando a produção e o setor de serviços, inclusive no Brasil. Ele ressaltou que, desde a grande crise mais recente do capitalismo, há uma ofensiva de classe contra os trabalhadores, o que ele denominou como “mutilação da democracia”. “Desde 2007, o capital empreendeu uma grande ofensiva contra o trabalho, resultando em precarização e restrição da organização sindical.”
A segunda parte do discurso tratou do sujeito da Revolução Brasileira, com ênfase na centralidade da classe trabalhadora. Monteiro contestou a ideia de que a classe trabalhadora já não seria o sujeito do processo revolucionário, apresentando a leitura teórica da Fundação Maurício Grabois e do PCdoB. Segundo ele, o caminho brasileiro para o socialismo é a luta por um novo projeto nacional de desenvolvimento, anti-imperialista e anti-oligarquia financeira. O presidente da Fundação Maurício Grabois enfatizou a necessidade de debater teoricamente e politicamente o papel da classe trabalhadora no contexto atual do Brasil, principalmente após um período de ataques durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.
Ao abordar o cenário político e econômico do Brasil, o presidente destacou o primeiro ano do governo Lula com o reinício de um ciclo virtuoso para os trabalhadores. “O primeiro ano do governo Lula tem um resultado positivo, com crescimento do PIB, redução da taxa de ocupação e aumento real do salário mínimo. Destaque para o papel do PAC, dos bancos públicos e de programas sociais como Bolsa Família.” No entanto, ele alertou para desafios futuros, como a diversa correlação de forças no Congresso Nacional e na sociedade, e a necessidade de mobilização da classe trabalhadora para superar obstáculos como a taxa de juros elevada e o déficit fiscal.
“O Brasil acumulou grandes necessidades após o governo da extrema direita, e as carências do povo são gigantes.” Para que isto não se transforme em decepção para o povo, ele apontou para a necessidade de mobilizar e conscientizar a população da necessidade de exigir o programa eleito. “Há necessidade de mobilização da classe trabalhadora para criar um bloco social e político visando um ciclo de desenvolvimento mais robusto em 2024, que será um ano de grandes lutas e confrontos, e a classe trabalhadora é chamada a impulsionar, apoiar e criticar o governo quando necessário.”
Ao encerrar seu discurso, Adalberto Monteiro expressou confiança de que o ano de 2024 será marcado por grandes lutas e confrontos, chamando a classe trabalhadora e setores democráticos a apoiar e criticar o governo quando necessário, visando impulsionar o programa de desenvolvimento do país. A reunião do GT Mundo do Trabalho se mostrou uma oportunidade valiosa, na opinião dele, para aprofundar o debate sobre os desafios enfrentados pelos trabalhadores brasileiros e as perspectivas para o futuro.