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    Notícias da FMG

    COP30 tem Lula debatendo desmatamento e petróleo e pesquisadores da Grabois em 10 painéis

    A Conferência do Clima vai até o dia 21. Em reunião com líderes mundiais, o presidente do Brasil afirmou que “a Terra não comporta mais o modelo de desenvolvimento baseado no uso intensivo de combustíveis fósseis”. Confira os destaques da programação

    POR: Theófilo Rodrigues

    7 min de leitura

    Entrada da COP30, em Belém (PA). Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
    Entrada da COP30, em Belém (PA). Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

    Nesta segunda-feira (10) tem início, em Belém (PA), a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30. Pela primeira vez realizada em uma cidade da Amazônia, a conferência reunirá uma série de eventos entre os dias 10 e 21 de novembro.

    Por iniciativa do governo brasileiro, esta edição da COP pode ser lembrada por ao menos duas razões principais.

    Por um lado, levanta novas iniciativas de combate ao desmatamento. Embora o tema não esteja na pauta oficial, o governo brasileiro aproveitou a ocasião para anunciar a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). O objetivo é garantir que países com grandes áreas de floresta tropical, como Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo, sejam remunerados pela conservação de seus biomas.

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    Por outro lado, a conferência se destaca por ampliar a denúncia sobre o papel dos combustíveis fósseis no aquecimento global. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez dois discursos já considerados históricos. O primeiro deles ocorreu na abertura da Cúpula de Líderes da COP30, em 6 de novembro:

    “Acelerar a transição energética e proteger a natureza são as duas maneiras mais efetivas de conter o aquecimento global. Estou convencido de que, apesar das nossas dificuldades e contradições, precisamos de mapas do caminho para, de forma justa e planejada, reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis e mobilizar os recursos necessários para esses objetivos”.

    Lula retornou ao tema de forma ainda mais aprofundada em seu discurso na Sessão Temática sobre Transição Energética, no dia 7 de novembro:

    “A Terra não comporta mais o modelo de desenvolvimento baseado no uso intensivo de combustíveis fósseis que vigorou nos últimos 200 anos. […] A transição energética representa um novo paradigma de desenvolvimento e uma grande oportunidade para promover transformações estruturais na sociedade e na economia. […] Um processo justo, ordenado e equitativo de afastamento dos combustíveis fósseis demanda o acesso a tecnologias e financiamento para os países do Sul Global”.

    Para além do discurso, o presidente apresentou uma ação concreta nessa direção: a criação de um fundo para financiar o combate às mudanças climáticas com recursos provenientes do petróleo. Segundo Lula:

    “Direcionar parte dos lucros com a exploração de petróleo para a transição energética permanece um caminho válido para os países em desenvolvimento. O Brasil estabelecerá um Fundo dessa natureza para financiar o enfrentamento da mudança do clima e promover justiça climática. O mundo precisa de um mapa do caminho claro para acabar com essa dependência dos combustíveis fósseis. É tempo de diversificar nossas matrizes energéticas, ampliar as fontes renováveis e acelerar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis”.

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    A Fundação Maurício Grabois (FMG) também tem contribuído para esse debate. Em setembro, por meio do Grupo de Pesquisa Transformação Ecológica e Diversificação Energética, a FMG divulgou uma Nota Técnica com 10 recomendações para a COP30. Entre elas, destaca-se a proposta de criação do Fundo Socioambiental do Pré-Sal, destinado a financiar a transformação ecológica no país a partir de recursos provenientes da exploração do petróleo. O documento também adverte para os riscos associados aos créditos de carbono, frequentemente defendidos pelos países do Norte Global como solução para a crise climática.

    Nota Técnica: A COP30 e a urgência da transformação ecológica

    Durante os 12 dias de evento, pesquisadores da Fundação Maurício Grabois participarão de painéis e debates na COP30; veja a seleção de atividades com presença desses especialistas.

    Programação dos pesquisadores da Fundação Grabois na COP30

    10/11 (segunda-feira)
    17h – Painel “Logística reversa e economia circular do OLUC
    Local: Zona Verde, Pavilhão ABDI
    Participação: Paula Bernardes

    11/11 (terça-feira)
    15h às 16h – Painel “AdaptaCidades: participação da sociedade na agenda de adaptação do Brasil”
    Local: Zona Verde do Pavilhão Brasil – Auditório Jandaíra
    Participação: Inamara Melo (MMA)

    12/11 (quarta-feira)
    9h – Inauguração da Estação Preço de Fábrica
    Local: Praça Princesa Isabel
    Participação: Paula Bernardes

    13/11 (quinta-feira)
    10h às 11h – Painel “Governança Climática Multinível para Adaptação: AdaptaCidades”
    Local: Zona Azul – Auditório Sumaúma
    Participação: Inamara Melo (MMA)

    13/11 (quinta-feira)
    12h30 – Painel “Transição energética justa para o sul global: trabalho decente e combate à pobreza energética” e lançamento do Observatório do Petróleo e Gás, do INEEP.
    Local: Zona Azul, Pavilhão Brasil
    Participação: Ticiana Alvares (INEEP)

    14h30 – Painel “Os desafios da transição energética para o Brasil sustentável”
    Local: Auditório Alexandre Rodrigues, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG)
    Participação: Paula Bernardes

    14/11 (sexta-feira)
    11h15 às 13h – Ppainel “Técnico-Científico Intergovernamental sobre a Amazônia: troca de experiências para cooperação regional”
    Local: Zona Azul, Pavilhão CAF-OTCA
    Participação: Raísa Vieira (OTCA)

    12h – Painel “Mercados de carbono e financiamento climático: desafios para o sul global
    Local: Zona Verde, Pavilhão ABDI
    Participação: Iago Montalvão (Transforma-Unicamp)

    13h – Painel “Finanças climáticas sob a perspectiva do sul global
    Local: Zona Azul, Pavilhão WWF
    Participação: Iago Montalvão (Transforma-Unicamp)

    13h – Painel “Descarbonização no transporte: análise de ciclo de vida, rotas tecnológicas e incentivos em P&D no Programa Mover”.

    Local: Zona Verde, Mini-auditório da ABDI
    Participação: André Tokarski

    18/11 (terça-feira)
    16h – Espaço de diálogo para reafirmação do legado da Década Internacional dos Povos Afrodescendentes
    Local: Casa Ninja Amazônia (Travessa Rui Barbosa, 555, Reduto)
    Participação: Carla Monteiro (Mandata Dani Balbi)

    19/11 (quarta-feira)
    15h às 16h – Oficina “Um Toró de Ideias e Soluções”
    Local: Zona Verde, Consórcio Nordeste
    Participação: Rafael Buda e Ranielle Vital (Instituto Toró)

    20/11 (quinta-feira)
    14h às 16h – Painel “Governança Climática Multinível na Amazônia: alinhando estratégias para mitigação, adaptação e desenvolvimento local inclusivo”
    Local: Zona Azul, Pavilhão da OTCA
    Participação: Vanessa Grazziotin (OTCA) e Inamara Melo (MMA)

    16h às 18h – Painel “Cidades: infraestrutura verde para adaptação e seu financiamento”
    Local: Zona Azul, Pavilhão da OTCA
    Participação: Vanessa Grazziotin (OTCA)

    FMG promoveu debates sobre clima e justiça ecológica no Sul Global para COP30; veja na TV Grabois

    Tecnologia e Transição Energética Justa

    Adaptação e Resiliência

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    Theófilo Rodrigues é professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da UCAM. É membro do Grupo de Pesquisa sobre Transformação Ecológica e Diversificação Energética da Fundação Maurício Grabois. Autor do livro Capitalismo e sustentabilidade: empresa regenerativa e a sustentabilidade corporativa no século XXI” (Ed. Vozes, 2024).

    Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial dFMG.

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