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    Comunicação

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          O que Olga vê, assim parada diante do visor da câmara de gás? O mesmo que via à janela do aparelho clandestino? A mesma paisagem da janela do avião? O que percebia Olga?       Nestes tempos de golpismo mal disfarçado, lembrei-me dela hoje. Enquanto tocava no aparelho de som, legal e público, instalado num […]

    POR: Elder Vieira

    2 min de leitura

          O que Olga vê, assim parada diante do visor da câmara de gás? O mesmo que via à janela do aparelho clandestino? A mesma paisagem da janela do avião? O que percebia Olga?

          Nestes tempos de golpismo mal disfarçado, lembrei-me dela hoje. Enquanto tocava no aparelho de som, legal e público, instalado num canto de minha sala, a música-tema de seu filme-biografia, lágrimas embaçavam a paisagem de inverno da superquadra onde moro.

          Pensando em Olga, pensei em Helenira, Maria Lúcia, Dina, Iara. Lembrei de Maurício. De João. Amigos com quem não convivi, mas que se fizeram parentes meus e de todos.

          Finda a música, abri a porta do apartamento, tomei o elevador, fui a pé para o trabalho. Terno, gravata, sobretudo – que o frio, seco, está nítido e transparente – caminhei por entre as quadras com meus afetos ancestrais. O sol, terno, aqueceu-me o rosto. 

          "Olga" – pensei e, inevitavelmente, sorri.