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    Comunicação

    Podólogo

          Cinco amigos conversavam tranqüilamente, harmoniosamente, sem interferência de nenhum signo perturbador quando um dos quatro, sem motivo algum, de forma abrupta, com a única intenção de inserir a Discórdia na conversa, diz:       – Minha esposa, a Discórdia, tem um podólogo.       Todos olharam para ele.       – Coitada! Mas tão jovem. E o […]

    POR: Andocides Bezerra

    5 min de leitura

          Cinco amigos conversavam tranqüilamente, harmoniosamente, sem interferência de nenhum signo perturbador quando um dos quatro, sem motivo algum, de forma abrupta, com a única intenção de inserir a Discórdia na conversa, diz:

          – Minha esposa, a Discórdia, tem um podólogo.

          Todos olharam para ele.

          – Coitada! Mas tão jovem. E o médico o que disse, tem cura? É beníguino ou maligno? Disse um dos amigos.

          Interferiu o segundo amigo.

          – Que maligno! Ficou louco cara!? Isto não se trata de câncer ou coisa parecida, não. Tem haver com furúnculo. Se não é igual é muito parecido. Oh! A minha irmã teve um no mês passado…

          – Um podólogo!? – Perguntou o terceiro.

          – Não, um furúnculo! Diz pra ela fazer o seguinte: Pega água, mistura com gengibre, põe três pitadas de sal, mistura com beringéla cozida…

          O primeiro, marido da Discórdia, se mantinha o tempo todo em silêncio, com aquele ar de quem sabe tudo e deixa os leigos nadarem no pântano da ignorância.

          – Que isso?! Vai fazer um prato especial?! – Era outro amigo – Podólogo não tem nada haver com furúnculo. Não é doença nem nada. Trata-se de uma pessoa, é uma espécie de categoria de gente.

          – Como assim? Perguntou outro intrigado.

          – Podólogo, cruz credo, – Falou isto se benzendo. Este quarto amigo é muito religioso – São pessoas que procuram crianças…

          – Crianças desaparecidas?

          – Não. Estou falando de outras coisas. São homens ou mulheres que saem com crianças.

          – Ah! Já sei, são babás!

          – Ãããã! Que babás!

          – Acompanhantes de crianças?

          – Não! – Quase irritado.

          – Então fala logo, pára com este mistério. – Era o terceiro amigo impaciente.

          – Estou falando. São "gentes" que dormem com crianças.

          – Dormem!?

          – É! Abusam de crianças. Coisa do demônio.

          – Mas isto não se chama tarado?

          – Oh anta! Podólogum Taraduns Pedófiluns, este é o nome científico, conhecido vulgarmente como
    Tarado, Pedófilo ou Podófilo.

          – Santa ignorância a de vocês! – Interferiu o quinto amigo.

          – Por quê?

          – Gente podólogo, são aqueles ou aquelas que podam. Do verbo podar. Eu podo, tu podas, ele poda, nós podamos, vós podais, eles podam. Entenderam?! 

          – Falou isto com toda autoridade de um intelectual
     
          – Exemplo: Eu e você podamos aquela árvore. – Disse isto apontando para o segundo amigo.

          – Que árvore? Eu não podei nada.

          – Isto é só um exemplo ôh ingnóbe infame!

          – Oi!? Eu não sou isto aí, não! – Respondeu o terceiro que estava distraído.

          – Não é você, não seu animal.

          – Ah! Então tá bom.

          – Calma gente. Silêncio! – Era o primeiro, o marido, o tal que inseriu as duas discórdias na conversa.

          Todos se voltaram para ele.

          – Não é nada do que vocês estão falando. Minha esposa me explicou. Podólogo é uma espécie de guru/espiritista. Um guia espiritual que descarrega as pessoas. Ele não cobra nada, faz isto por prazer e por bondade sobrenatural. A única exigência é que o ritual deve ser somente com a paciente, de preferência ás portas fechadas. Coisa de santo. Entenderam?!