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    Comunicação

    Morangos

    Nunca houve morangos Como os que tivemos Naquela tarde tórrida sentados nos degraus da porta-janela aberta de frente um para o outro seus joelhos encostados nos meus os pratos azuis em nossos colos os morangos brilhando na luz quente do sol nós os mergulhamos em açúcar olhando um para o outro sem apressar a festa […]

    POR: Edwin Morgan

    1 min de leitura

    Nunca houve morangos
    Como os que tivemos
    Naquela tarde tórrida
    sentados nos degraus
    da porta-janela aberta
    de frente um para o outro
    seus joelhos encostados nos meus
    os pratos azuis em nossos colos
    os morangos brilhando
    na luz quente do sol
    nós os mergulhamos em açúcar
    olhando um para o outro
    sem apressar a festa
    para chegar ao fim
    os pratos vazios
    deitados sobre a pedra juntos
    com os dois garfos cruzados
    e eu me aproximei de você
    dócil daquele ar
    nos meus braços
    abandonado como uma criança
    da sua boca ávida
    o gosto de morangos
    na minha memória
    inclina-se de volta
    deixe-me amá-lo

    deixe o sol bater
    sobre o nosso esquecimento
    uma hora de tudo
    o calor intenso
    e o relâmpago de verão
    nas colinas de Kilpatrick

    deixe a tempestade lavar os pratos


    Edwin Morgan
    Na Estação Central
    Seleção, tradução e introdução de Virna Teixeira
    Editora Universidade de Brasília – edição 2006