Marilene adiada
deu uma quina
no olhar dela
era pôr de domingo
– por mim?
Marilene viu-se
só
– aqui nem
11/09 tem.
restos de comida
no sofá
rugas de programas
de tevê
que giraram
o dia todo
como vitrola
de eterno inútil
nada de novo no front do seu sorriso
– Osvaldinho!
ele ao menos
era capaz
de dizer
que ela tinha tetas
de cadelinha
daí pensou
na repartição
e partiu-se mais
(esmagada por um caminhão
costelas quebradas
furos no pulmão)
fechou os olhos
e outra vez
acertou o despertador