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    Comunicação

    O Lobo e o Cordeiro

    Na água limpa de um regato, matava a sede um Cordeiro, quando, saindo do mato, veio um Lobo carniceiro. Tinha a barriga vazia, não comera o dia inteiro. – Como tu ousas sujar a água que estou bebendo? – rosnou o Lobo, a antegozar o almoço. – Fica sabendo que caro vais me pagar! – Senhor – falou […]

    POR: Redação

    2 min de leitura

    Na água limpa de um regato,
    matava a sede um Cordeiro,
    quando, saindo do mato,
    veio um Lobo carniceiro.

    Tinha a barriga vazia,
    não comera o dia inteiro.
    – Como tu ousas sujar
    a água que estou bebendo?
    – rosnou o Lobo, a antegozar
    o almoço. – Fica sabendo
    que caro vais me pagar!

    – Senhor – falou o Cordeiro –
    encareço à Vossa Alteza
    que me desculpeis, mas acho
    que vos enganais: bebendo,
    quase dez braças abaixo
    de vós, nesta correnteza,
    não posso sujar-vos a água.

    – Não importa. Guardo mágoa
    de ti, que ano passado,
    me destrataste, fingindo!
    – Mas eu nem tinha nascido.
    – Pois então foi teu irmão.
    – Não tenho irmão, Excelência.
    – Chega de argumentação.
    Estou perdendo a paciência!
    –    Não vos zangueis, desculpai!
    – Não foi teu irmão? Foi teu pai
    ou senão foi teu avô –
    disse o Lobo carniceiro.
    E ao Cordeiro devorou.

    Onde a lei não existe, ao que parece,
    a razão do mais forte prevalece.

     
    Fábulas – La Fontaine  
    Tradução de Ferreira Gullar
    Ilustrações de Gustave Doré
    Editora Revan – 4ª edição, maio de 1999.