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    Chicago

    Chicago   Carniceira de Porco do Mundo, Fazedora de ferramentas, Armazenadora de Trigo, Jogadora de Ferrovias, Cargueira-Mor da Nação, Tormentosa, grosseira, vociferante, Cidade de Ombros Largos:   Me disseram que és malvada e acredito, porque vi tuas mulheres pintadas embaixo dos lampiões de gás conquistando os rapazes das fazendas.   E me disseram que és […]

    POR: Redação

    2 min de leitura

    Chicago

     


    Carniceira de Porco do Mundo,
    Fazedora de ferramentas, Armazenadora de Trigo,
    Jogadora de Ferrovias, Cargueira-Mor da Nação,
    Tormentosa, grosseira, vociferante,
    Cidade de Ombros Largos:

     


    Me disseram que és malvada e acredito, porque vi tuas mulheres
    pintadas embaixo dos lampiões de gás conquistando
    os rapazes das fazendas.

     


    E me disseram que és canalha e respondo: É, sim, eu vi o pistoleiro
    matar e continuar livre para matar de novo.

     


    E me disseram que és brutal e minha resposta é : Nos rostos das
    mulheres e das crianças vi marcas da fome devassa.

     


    E tendo assim respondido volto-me para os que zombam de
    minha cidade e devolvo-lhes a ironia e diga-lhes:

     


    Andem, me mostrem outra de cidade de cabeça erguida e cantando
    tão orgulhosa de ser viva e rude e forte e esperta.

     


    Atirando maldições magnéticas no meio da labuta de empilhar
    emprego sobre emprego, eis aqui uma valentona alta
    e ousada, em contraste com as cidadezinhas moles.

     


    Bravia como um cão lambendo os beiços pronto para a ação,
    esperta como um selvagem entrincheirando contra o deserto,


    Cabeça nua,

     

    Cavando,

     

    Derrubando,


    Planejando,


    Construindo, rebentando, reconstruindo.

     


    Debaixo da fumaceira, poeira na boca, rindo com os dentes
    brancos  à mostra,


    debaixo do fardo horrível do destino, rindo como um homem
    jovem ri,


    Rindo mesmo como ri um lutador ignorante que nunca
    perdeu uma batalha,


    Gabando-se e rindo porque sob seu punho está o pulso e sob
    suas costelas o coração do povo.


    Rindo!


    Rindo e tormentoso, grosseiro, vociferante riso da juventude,
    seminua, suada, orgulhosa de ser a carniceira, a Fazedora
    de ferramentas, a Armazenadora de Trigo, a
    Jogadora de Ferrovias e a Cargueira-Mor da Nação.

     

     


    Carl Sandburg –  Tradução de  Mário Faustino