Em defesa da justiça social e ambiental
O presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro, abriu o evento lembrando a trajetória do debate sobre o tema, que remonta à Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente Humano, realizada pelas Nações Unidas em Estocolmo, em 1972. Segundo ele, existe convergência entre os organizadores do debate de a crise ambiental é um sintoma e uma consequência do esgotamento histórico do capitalismo, que não consegue dar respostas aos anseios da humanidade de paz, prosperidade e direitos do meio ambiente, que garanta as pessoas um ambiente saudável.
Para Adalberto Monteiro, essa constatação aponta para a necessidade da construção de uma nova sociedade, mais solidaria e socialista. Segundo o presidente da Fundação Maurício Grabois, algumas conquistas dos últimos 12 anos, como a tomada de consciência dos povos, Estados e governos quanto à necessidade de harmonizar produção crescimento econômico, distribuição de renda erradicação da pobreza e proteção ambiental, são importantes mas é preciso reforçar o tripé crescimento econômico, proteção ambiental e erradicação da pobreza.
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O evento ocorreu sob o impacto de um documento conjunto do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que analisa a conjuntura internacional no momento que o tema chama a atenção do mundo e faz considerações sobre o mérito do debate no âmbito da Rio+20. Segundo Aldo Arantes, secretário nacional de Meio Ambiente do PCdoB e presidente do Instituto Nacional de Pesquisas e Defesa do Meio Ambiente (INMA), o documento tem um alcance significativo porque ele expressa a essência do pensamento progressista brasileiro sobre o tema.
Além de Aldo Arantes, participaram da mesa — coordenada pelo presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro, e Iole Ilíada, representando a Fundação Perseu Abramo —; Renato Simões, dirigente do PT; Daniel Ilesco, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE); Rosane Bertotti, secretária nacional de Comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT); e Joílson Cardoso, secretário de Política Sindical da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Segundo Renato Simões, os problemas ambientais devem ser considerados ainda mais graves por conta da crise do capitalismo, que não apresenta sinais de que tão cedo será superada. Para ele, existe uma crise ambiental decorrente do sistema predatório de exploração dos recursos naturais. O dirigente petista enfatizou que essa compreensão é importante para distinguir a economia verde do capitalismo verde. O capitalismo, ressaltou Renato Simões, se utiliza de subterfúgios para fugir das suas responsabilidades sobre a degradação ambiental e continuar defendendo seus interesses.
Aldo Arantes reforçou essa visão ao afirmar que o imperialismo manipula a questão ambiental para conseguir seus intentos. Para ele, a lógica do sistema é a de se apossar dos recursos naturais para garantir a dinâmica de suas ambições. Segundo o dirigente do PCdoB, cabe às forças progressistas intensificar suas ações para criar um contraponto a essa lógica, promovendo ações que aponte para o desenvolvimento com democracia e inclusão social. No caso do Brasil, disse Aldo Arantes, essas ações ganham relevância porque o país passa por um momento de transição e a defesa do meio dever ser um elemento da estrutura do processo de desenvolvimento.
Em suas considerações, Aldo Arantes enfatizou a visão marxista do problema, pontuando que o homem não pode ser separado da natureza. A interação desses dois elementos é, segundo ele, o ponto essencial para se debater a preservação ambiental. Para o dirigente do PCdoB, o combate ao efeito estufa, ao desmatamento e a outras ações de degradação do meio ambiente deve considerar o papel do homem como o agente social mais importante dessa relação. Daí a importância da denúncia e do combate ao capitalismo conjugada com a formulação de uma agenda de lutas que aponte para a construção de uma sociedade socialista.
Joílson Cardoso, da CTB, também fez sua intervenção nessa linha de raciocínio. Para ele, um projeto nacional de desenvolvimento deve ter como princípio o atendimento das necessidades do povo. Ressaltou que essa premissa é incompatível com a lógica do capitalismo, que não considera como essencial o bem estar social. Segundo o dirigente da CTB, os movimentos sociais são um agente decisivo nesse processo. Joílson Cardoso lembrou que a Rio+20 ocorre em um momento de crise de governança global e de intensificação das violações da soberania dos povos.
A dirigente da CUT Rosane Bertotti também analisou o tema pelo viés do desenvolvimento com inclusão social. Segundo ela, Não é possível discutir a questão ambiental fora do âmbito social. As políticas econômicas, afirmou, devem considerar essa interação para se falar em desenvolvimento sustentável com consistência. Citando dados da Secretária-Geral da Presidência da República, a dirigente da CUT lembrou que o Brasil ainda conta com 20 milhões de pessoas que vivem em situação de extrema pobreza.
Daniel Iliescu, o presidente da UNE, reforçou essa visão ao afirmar que o capitalismo pintado de verde precisa ser desmascarado. Segundo ele, é preciso amplificar a crítica que os movimentos sociais de todo o mundo está fazendo em relação à difusão do conceito de mercado verde, ou do capitalismo mascarado de defensor do meio ambiente. Mudar de cor, conservando a mesma lógica, é um recurso do capitalismo para que ele possa manter suas posições na defesa de seus interesses, segundo Daniel Iliescu.
Fotos: Osvaldo Bertolino