A caminhada partiu do Teatro Municipal, que em 29 de agosto de 1945 ficou lotado em razão do ato de posse do Comitê  Municipal do Partido Comunista e a indicação dos candidatos a deputado federal, entre os quais se encontravam os escritores Monteiro Lobato e Jorge Amado. Jamil Murad lembrou que o Vale do Anhangabaú foi palco de diversos comícios promovidos pelo Partido Comunista do Brasil, entre eles o ocorrido em dezembro de 1946 com a participação de 60 mil pessoas e o “comício da unidade democrática”, onde discursaram João Amazonas e Pedro Pomar em junho de 19 47, reunindo milhares de pessoas.

A caminhada passou por pontos estratégicos, tais como a residência de Monteiro Lobato que foi morador em apartamento no último andar do Edifício Jaraguá, de propriedade da família de Caio Prado Júnior, localizado na Rua Barão de Itapetininga, 93. O edifício sediou até meados dos anos 80 a Editora e Livraria Brasiliense, do historiador Caio Prado Júnior, eleito deputado federal pelo Partido Comunista do Brasil e autor da lei que criou a Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

A seguir, a caminhada chegou à galeria Califórnia localizada na mesma rua, no número 255, projetada pelos arquitetos Oscar Niemeyer e Carlos Lemos. Oscar Niemeyer, que revolucionou a base da arquitetura, a exemplo da cidade de Brasília e do edifício Copan situado na Avenida Ipiranga, filiou-se ao Partido em 1945. Em 1964 depôs no DOPS, órgão de prisão e tortura de perseguidos políticos, e passou a ter dificuldades para desenvolver seus projetos no Brasil. A revista Módulo, da qual era editor, teve sua sede semidestruída em 1965. Exilado na França durante a ditadura militar, ficou internacionalmente conhecido por suas inúmeras obras.

A galeria Califórnia abriga um mural do artista plástico Cândido Portinari. Este também ingressou no Partido Comunista do Brasil em 1945. Foi candidato a deputado federal neste mesmo ano e a senador em 1947, não tendo, entretanto, sido eleito por pequena margem de votos. Em razão de seu ideário humanista e revolucionário e sua participação na Escola do Povo, ligada ao Partido, foi processado e sofreu perseguições por diversos anos, chegando a ser ameaçado de prisão em 1958. Na cerimônia oficial de recepção dos painéis Guerra e Paz, doados pelo governo brasileiro à ONU, Cândido Portinari sequer foi convidado e as autoridades americanas se recusaram a participar do evento.

O passeio prosseguiu até a Praça da República. No Edifício Ester viveu o pintor Di Cavalcante, filiado ao Partido Comunista do Brasil em 1928. Nesta praça, no número 401, foi instalada a Comissão Promotora do Comício São Paulo a Luis Carlos Prestes, com a participação, entre outros, de Caio Prado Júnior, dos pintores, Di Cavalcanti, Clóvis Graciano e Rebolo Gonçalves, do escritor Oswald de Andrade e o físico cientista Mario Schenberg. Este último era professor da USP e foi eleito em 1945 deputado estadual por São Paulo pelo Partido Comunista do Brasil. Foi autor da lei que instituiu o curso noturno nas universidades. Preso em 1947, teve seu mandato cassado, tendo sido preso, também, logo após o golpe de 1964.

O comício realizado no Estádio do Pacaembu em 1945 teve a presença de mais de 100 mil pessoas e a presença do renomado poeta comunista chileno e ganhador do prêmio Nobel, Pablo Neruda.

A caminhada seguiu para a estação República do Metrô onde há obra em homenagem ao escritor modernista Oswald de Andrade, também militante do Partido Comunista do Brasil.
Todos estes intelectuais e artistas, assim como o poeta Carlos Drummond de Andrade, o escritor Moacyr Scliar, os dramaturgos Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, o cineasta Glauber Rocha e tantos outros, pertenceram ao Partido Comunista do Brasil.

Num clima de descontração, o vereador Jamil Murad discorreu sobre o comunismo e a história do Partido Comunista fundado em 1922. Falou sobre a ideologia do Partido em busca de uma sociedade igualitária, onde os bens produzidos coletivamente possam ser coletivamente usufruídos. Relatou a participação de Luis Carlos Prestes e o episódio de sua companheira judia Olga Benário, entregue por Getúlio Vargas aos alemães que exterminaram sua vida em um campo de concentração. Relatou a reorganização do partido em 1962, dirigida por João Amazonas, Maurício Grabois, Pedro Pomar, Carlos Danielli, Ângelo Arroyo, Linconln Oest, Elza Monnerat e Calil Chade em Conferência Nacional Extraordinária realizada na Rua do Manifesto no bairro do Ipiranga, cuja base ficou localizada na sede do jornal A Classe Operária, instalado na Rua Tabatinguera, 221, 3º andar.  Hoje o Partido Comunista do Brasil tem sua sede na Rua Rego Freitas, 192.

Jamil falou ainda sobre a participação efetiva do Partido em todos os momentos históricos deste país, passando pelas greves e organização de trabalhadores; pela luta por liberdades democráticas; contra o obscurantismo, o atraso e a opressão; pela paz mundial entre os povos e pela luta em prol de uma sociedade mais justa, soberana e igualitária, uma sociedade socialista.

O percurso da caminhada, os fatos e histórias relembradas, revelam a importância que o Partido Comunista do Brasil tem na história deste país, sua ideologia avançada e criativa e o seu papel aglutinador de trabalhadores, pensadores, cientistas, artistas e artífices revolucionários da história.

Em razão deste enraizamento efetivo no seio da sociedade, o Partido Comunista do Brasil pôde enfrentar todos os obstáculos e perseguições, os  mandatos cassados, prisões e torturas, os 61 anos de clandestinidade, permanecendo até os dias de hoje como organização política firme e consolidada na luta pelos ideais revolucionários de construção de uma sociedade mais digna e igualitária.

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Fonte: site do vereador Jamil Murad