Estou com o pressentimento de que está chegando a hora de a onça beber água.
Com a intempestiva entrevista do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, à jornalista Victoria Abel, do Globo (14/01), durante o recesso do Congresso Nacional, em que ele declara que “o projeto de nova contribuição sindical vai nascer no Congresso”, ficou escancarada a situação que, durante todo o ano passado, vinha sendo tratada como negociações cautelosas entre representantes do “fórum” das centrais sindicais e assessores das confederações do patronato.
A jornalista até revela, na abertura da entrevista, o nome do deputado – Luiz Gastão, do PSD/CE – encarregado de apresentar o projeto de lei que daria corpo às negociações que ainda estavam acontecendo.
Mesmo que, por enquanto, as repercussões entre os adversários do movimento sindical tenham sido escassas (com dois ou três colunistas da grande mídia insinuando a falsa ideia da recriação do imposto sindical), entre os dirigentes e ativistas a entrevista tem causado muita confusão nas redes de internet.
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A confusão não nos serve, e a intempestividade é má conselheira.
Torna-se imperiosa, para a unidade das direções sindicais e para a relevância do seu papel, um esclarecimento convincente e agregador sobre os procedimentos que vinham sendo adotados, bem como sobre o teor da proposta de valorização das negociações coletivas e legalização das contribuições sindicais dos trabalhadores, conforme determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mesmo que não se tenha, ainda, um texto-base a ser transformado em projeto de lei para ser votado no Congresso Nacional.
João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo.
Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial da FMG.