No sábado, 8 de março de 1975, o comunista e deputado pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Alberto Goldman, leu na Assembleia Legislativa a Carta de São Paulo, com escassa difusão devido à censura imposta pela ditadura.
A revista Visão, no entanto, registrou a “Carta contra a apatia” como matéria de informação.
A Carta – O povo e seus problemas – havia sido elaborada durante quase todo ano anterior em uma iniciativa da militância do PCB (submetido a forte e assassina repressão), que articulou sindicatos de trabalhadores, entidades estudantis, associações e institutos profissionais, representações de moradores e da Igreja Católica, combinando o trabalho político legal e o clandestino.
Ela procurava oferecer ao futuro prefeito de São Paulo (que seria indicado e não eleito) uma pauta das sentidas reivindicações dos paulistanos.
A Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano), agora desmantelada, publicou posteriormente em folheto o texto da Carta, difícil, até hoje, de ser conhecida.
Foi, que eu saiba, a primeira vez no Brasil que uma manifestação política escolheu a efeméride feminina para sua efetivação. No mesmo ano, a ONU consagraria o 8 de março como Dia Internacional das Mulheres.
Daí para a frente, na luta pela democratização com a exigência da anistia e o reforço do movimento feminista, o 8 de março passou a ser um marco nas atividades progressistas.
Ainda estamos aqui: o que as mulheres reivindicam no 8 de Março de 2025
Neste ano de 2025, 50 anos após a divulgação da Carta, várias manifestações comemoraram a data. Quero registrar uma delas: a iniciativa do sindicato dos metalúrgicos de Curitiba e da prefeitura de Araucária (PR) que reuniu centenas de mulheres em passeata pela cidade, cujas fotos registram a pujança.

Caminhada da Mulher 2025, realizada pela prefeitura de Araucária em parceria com Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba. Foto: Carlos Poly/SMCS
João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo.
Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial da FMG.